Yan Bing, um engenheiro eletrônico de 31 anos, deixou seu emprego em Beijing no final de junho e decidiu embarcar em uma nova vida em Suzhou, na província de Jiangsu.
“Muitos dos meus colegas de trabalho pensaram que eu era louco por mudar meu local de trabalho de uma cidade importante para um lugar menos conhecido”, disse Yan.
"Mas é uma escolha melhor para mim. Não sou natural de Beijing e o custo de vida na capital é muito mais elevado do que em Suzhou".
Yan está entre um número crescente de jovens que consideram as cidades de segundo e terceiro escalões da China cada vez mais atraentes, devido aos custos de vida mais baixos, melhores ambientes de trabalho e melhores políticas de habitação ou de apoio aos empreendedores. No entanto, as cidades de nível superior ainda são mais atrativas em geral.
Um relatório recente divulgado conjuntamente pelo portal de recrutamento Zhaopin e pela agência de pesquisa financeira Zeping Hongguan adianta que, no ano passado, seis cidades de segundo nível constaram entre os destinos mais populares para quem procura emprego: Hangzhou, província de Zhejiang; Chengdu, província de Sichuan; Nanjing, Suzhou e Wuxi em Jiangsu; e Wuhan, província de Hubei.
O relatório refere que estas cidades se deverão tornar "bancos de talentos", graças ao seu crescente comércio electrônico, suas indústrias de alta tecnologia e às políticas favoráveis para empresários, bem como aos bons salários e custo de vida mais baixo.
Hangzhou, por exemplo, tem registrado um crescimento assinalável na sua taxa líquida de atração de talento nos últimos anos.
Em 2023, a taxa para Hangzhou foi de 1,2%, enquanto Beijing registrou 0,5% e Shanghai 1,5%, de acordo com o relatório.
As vantagens de Hangzhou na atração de talentos incluem a sua economia digital em expansão, a expansão do comércio eletrónico, a transmissão ao vivo e os setores de saúde e políticas de apoio, menciona o relatório.
No final de maio, o distrito de Binjiang de Hangzhou, revelou um programa de patrocínio empresarial que oferece aos jovens talentos um pacote de ajuda financeira de três anos de até 5 milhões de yuans (US$ 690 mil), depois que suas startups forem aprovadas pelo governo local.
Pang Shi, diretor do departamento de emprego e empreendedorismo da Academia Chinesa de Ciências Sociais, disse que as oportunidades de emprego e promoções são mais fáceis de obter em cidades menores e que o apoio governamental mais forte em termos de habitação e empreendedorismo as torna ainda mais convidativas.
“Cada vez mais jovens procuram estilos de vida equilibrados, mais saudáveis e gratificantes, e as cidades mais pequenas podem oferecer-lhes essas condições”, disse Pang. “Estabelecer-se nessas cidades menores também pode lhes dar mais oportunidades de cuidar melhor de suas famílias”.
Ela acrescentou ainda que, com mais pessoas à procura de emprego a optarem por se estabelecer e injetar criatividade em cidades de segundo ou terceiro escalão, as pressões e os problemas que as grandes cidades enfrentam com suas populações crescentes serão atenuados.
Todavia, nem todos optam por mudar para uma cidade menor.
Li Qiang, vice-presidente da Zhaopin, disse que, com base num inquérito realizado pelo portal de recrutamento em Abril, cerca de 91,2 por cento dos inquiridos que vivem em cidades de primeiro escalão preferem manter-se onde estão.