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Acabar com fome no planeta é possível caso se enfrente mudança do clima, afirma especialista brasileiro

Fonte: Xinhua    06.06.2024 13h14

Acabar com a fome no mundo é possível, mas, para isso, deve-se acabar com os conflitos e guerras no planeta e enfrentar a mudança do clima, que afeta as plantações em muitos países em desenvolvimento, segundo afirmou na quarta-feira à Xinhua o diretor e representante do Programa Mundial de Alimentos (PMA) das Nações Unidas no Brasil, Daniel Balaban.

Em entrevista pelo Dia Mundial do Meio Ambiente, organizada pela Federação das Câmaras de Comércio do Brasil, Balaban afirmou que "só através de políticas públicas sustentáveis poderemos realmente reduzir ou até acabar com a insegurança alimentar e nutricional no planeta até 2030. Atualmente, há 735 milhões de pessoas que não têm nada para comer, absolutamente nada. Se não receberem ajuda externa, estas pessoas morrerão literalmente de fome, sofrerão uma grave insegurança alimentar".

Para Balaban, "é possível resolver o problema da fome no planeta, mas ainda não existe uma iniciativa mundial para isso. Há, basicamente, dois fatores que provocam a fome no mundo: um são os conflitos e as guerras e o outro, a mudança do clima, que tem um grande impacto no rendimento das lavouras, principalmente nos países em desenvolvimento", comentou.

Como exemplo citou "as secas e as inundações, como as que estamos vivendo no sul do Brasil, temperaturas extremas, invernos muito mais duros, verões muito mais duros. E tudo isso afeta o rendimento dos cultivos".

Balaban, que também é diretor do Centro de Excelência contra a Fome, ressaltou que "a degradação do solo, com o aumento das temperaturas e as mudanças nas precipitações, acabam provocando a erosão do solo, a perda da fertilidade, a desertificação e isso, logicamente, acaba dificultando a lavoura".

Ele destacou que "no Brasil 140 milhões de hectares de terras são considerados degradados, ou seja, nada que é plantado rende".

"Claro que a mudança do clima também afeta o preço dos alimentos, o que é um grande fator que também leva às pessoas a passarem fome, especialmente no Brasil. O país produz muitos alimentos, mas a grande maioria da população não tem acesso a esses alimentos, porque são caros. Assim, a redução da produtividade agrícola leva a um aumento nos preços dos alimentos, dificulta o acesso das famílias de baixa renda e os alimentos mais nutritivos, infelizmente, são os mais caros", comentou.

Para Balaban, uma das soluções seria "aplicar práticas agrícolas sustentáveis, que existem, mas não são colocadas em prática". Assim, temos que melhorar a gestão da água, temos que investir em cultivos resistentes ao clima e temos que criar políticas que apoiem a segurança alimentar e os esforços de adaptação ao clima que nosso planeta necessita tão desesperadamente".

Um dos motivos da degradação da terra é o desmatamento. "O desmatamento é considerável, o uso de venenos acaba matando não só as pragas, mas, também, acaba entrando no solo e influindo na produção de futuros alimentos. Por isso, se não houver uma diminuição do desmatamento, no futuro o próprio Brasil terá dificuldades em sua produção de alimentos", alertou.

"Espero que um dia, os produtores comecem a se dar conta de que têm que trabalhar em conjunto com a proteção do meio ambiente, com a proteção da natureza, para que possamos ter uma produção sustentável. É possível fazer as duas coisas, produzir de forma sustentável, cuidando da natureza, cuidando do meio ambiente. Os que dizem que é impossível, estão equivocados. É possível fazer: os especialistas têm nos mostrado como. Este é o caminho a seguir e o único viável para os produtores brasileiros", concluiu.

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