O embaixador chinês nos Estados Unidos, Xie Feng, fala durante um bate-papo ao lado do reitor fundador da Escola Harvard Kennedy, Graham Allison, na Universidade de Harvard em Cambridge, Massachusetts, Estados Unidos, em 19 de abril de 2024. (Foto: Liu Jie/Xinhua)
O embaixador chinês nos Estados Unidos, Xie Feng, disse que a China não considera a Armadilha de Tucídides uma parte inevitável da sua relação com os Estados Unidos. Para evitar interferir nisso, Washington deveria tentar trabalhar com Beijing.
Xie fez os comentários na sexta-feira (19) durante um bate-papo com o reitor fundador da Escola Harvard Kennedy, Graham Allison, cujo livro "Destinado à guerra: a América e a China podem escapar da Armadilha de Tucídides?" desde a sua publicação em 2018, tornou-se uma leitura obrigatória para qualquer pessoa dedicada ou interessada no estudo das relações EUA-China.
“Agora que todos nós percebemos o perigo extremo da ‘Armadilha de Tucídides’, por que ainda deveríamos pular de cabeça nela?” disse Xie no evento realizado na Universidade de Harvard. "Desde o início, a China não vê a 'Armadilha de Tucídides' como inevitável".
A China está disposta a trabalhar com o lado dos EUA com base nos princípios de respeito mútuo, coexistência pacífica e cooperação ganha-ganha para promover o desenvolvimento sólido, estável e sustentável da relação China-EUA e navegar em conjunto pela armadilha, observou ele.
Xie disse que o lado chinês demonstrou sinceridade na cooperação em questões que preocupam os EUA. No entanto, o diálogo e a cooperação devem ser recíprocos e baseados no respeito mútuo, e não se pode centrar-se nos próprios interesses. Espera-se que o lado norte-americano tome medidas sérias para implementar o importante consenso dos seus líderes sobre questões que preocupam o lado chinês, acrescentou.
Os dois lados devem promover a cooperação num espírito recíproco e gerir prudentemente as diferenças para transformar em realidade a "Visão de São Francisco" criada durante a cúpula China-EUA nos Estados Unidos e promover o desenvolvimento sólido, estável e sustentável das relações China-EUA, disse Xie.
Observando que existe de fato concorrência entre a China e os Estados Unidos, o embaixador destacou que o povo chinês não foge à concorrência, mas a concorrência deve ser justa.
“Deveria ser como competir pela excelência em um campo de corrida, e não vencer uns aos outros em um ringue de luta livre, o que o lado dos EUA tem em mente, porém, não é competição, mas intimidação", disse ele mencionando algumas medidas específicas dos EUA, como bloquear o acesso da China a certas tecnologias avançadas e acusar a China de ser “excessivamente competente” ou de ter “excesso de capacidade” em certas indústrias.
Xie disse que seria uma ilusão suprimir e cercar a China em nome da concorrência, por um lado, e tentar gerir a concorrência e evitar o conflito direto, por outro.
“A relação não deve ser simplesmente definida pela competição”, afirmou Xie. "Se permitirmos que a concorrência domine as relações China-EUA, isso apenas daria origem a riscos estratégicos. Ninguém sairia vencedor".