População parda do Brasil supera a branca pela primeira vez desde 1872

Fonte: Xinhua    25.12.2023 08h37

A população parda (mestiça) do Brasil superou a população branca, pela primeira vez, desde 1872, quando foi criado o censo, segundo dados divulgados na última sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) referentes ao Censo de 2022.

De acordo com os dados, no ano passado, 92,1 milhões de pessoas se reconheciam pardas, enquanto 88,3 milhões, brancas.

Entre os recenseamentos de 2010 e 2022, a população branca caiu de 47,7% para 43,5%, deixando de ser majoritária. Por outro lado, os pardos aumentaram a participação de 43,1% para 45,3%.

A população que se define como preta saltou de 7,6% para 10,2%. Em 2022 eram 20,7 milhões de pessoas. A raça indígena também aumentou a participação no total de habitantes do país, de 0,4% para 0,6%, alcançando 1,7 milhão de pessoas.

Além da população branca, a amarela também apresentou recuo, de 1,1% para 0,4%, somando 850 mil pessoas.

O IBGE tem como norma agrupar as pessoas em cinco categorias segundo sua raça ou cor: branca, preta, amarela (de origem oriental), parda (inclui quem se identifica com a mistura de duas ou mais cores, exceto amarela) e indígena. A coleta de dados é feita por meio de autodeclaração.

De acordo com o IBGE, as mudanças no perfil da população não se devem apenas à demografia, ou seja, nascimento e morte das pessoas.

Segundo o IBGE o conceito de raça é utilizado como categoria socialmente construída na interação social e não como conceito biológico.

"É uma percepção que a pessoa tem dela mesma. As pessoas usam a questão da cor da pele, da aparência, questões socioeconômicas", explica o pesquisador do IBGE Leonardo Athias, citado pela Agência Brasil. "Mostra toda essa diversidade, variabilidade no tempo, no espaço, em relação ao pertencimento racial no Brasil", acrescentou.

Quando o primeiro censo foi realizado em 1872, a população parda (38,3%) era levemente superior à branca (38,1%). Ao longo das décadas, a população branca foi se tornando majoritária até alcançar o pico de 63,5% em 1940 e entrar em tendência decrescente.

Também em 1940, os pardos atingiram a menor participação, 21,2%. Desde então, seguiram trajetória de crescimento até virarem majoritários em 2022 -- apesar do recuo entre 1991 e 2.000.

A população preta somava 19,7% dos habitantes em 1872 e apresentou seguidas perdas de participação até 1991, quando chegou à menor marca, 5%. Desde então, mais que dobrou, até alcançar 10,2% no censo de 2022.

Os dados do IBGE apresentam recortes por regiões, estados e municípios. No Sul e no Sudeste, a população branca é majoritária, chegando a 72,6% no Sul. Já o Norte, o Nordeste e o Centro-Oeste têm maioria parda, com destaque para o Norte, com proporção de 67,2%.

(Web editor: Beatriz Zhang, 符园园)

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