O conselheiro de Estado e ministro das Relações Exteriores da China, Qin Gang (centro), o ministro das Relações Exteriores do Irã, Hossein Amir-Abdollahian (à esquerda), e o ministro das Relações Exteriores da Arábia Saudita, príncipe Faisal bin Farhan Al Saud, juntam as mãos durante uma reunião em Beijing na quinta-feira. Foto: Ding Lin, Xinhua
A Arábia Saudita e o Irã concordaram na quinta-feira em retomar suas relações diplomáticas e reabrir suas embaixadas num prazo de 60 dias, após seus principais enviados se terem reunido em Beijing, no seguimento da reaproximação diplomática sob um acordo mediado pela China no mês passado.
A China recebeu o ministro das Relações Exteriores do Irã, Hossein Amir-Abdollahian, e o ministro das Relações Exteriores da Arábia Saudita, príncipe Faisal bin Farhan Al Saud, para uma reunião em Beijing por proposta dos dois países, segundo a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Mao Ning, em uma entrevista coletiva regular na quinta-feira.
"Ambos os lados observaram que continuarão avançando no processo de melhoria das relações bilaterais, de acordo com o roteiro e o cronograma identificados durante as negociações em Beijing, em março", disse Mao.
A reunião de quinta-feira foi o primeiro encontro oficial entre os ministros das Relações Exteriores dos dois países em mais de sete anos, depois que a Arábia Saudita e o Irã romperam relações diplomáticas no início de 2016.
As duas partes enfatizaram em comunicado conjunto a importância de acompanhar a implementação do acordo alcançado em Beijing e sua ativação, de forma a fortalecer a confiança mútua, expandir os campos de cooperação e ajudar a criar segurança, estabilidade e prosperidade na região.
Eles concordaram ainda em tomar as medidas necessárias para reabrir as missões diplomáticas em Riad e Teerã, bem como na cidade saudita de Jeddah e na cidade iraniana de Mashhad, onde anteriormente estavam localizados seus consulados-gerais.
Ambas as partes discutirão formas de intensificar a cooperação bilateral, incluindo a retomada de voos e visitas mútuas de delegações oficiais e do setor privado.
O conselheiro de Estado e ministro das Relações Exteriores, Qin Gang, se reuniu com os ministros após testemunhar a assinatura da declaração conjunta e disse que a China elogiou as medidas adotadas pelos dois países para demonstrar boa vontade e sinceridade na reaproximação desde março.
Qin disse que a China apoia os países do Oriente Médio na garantia de autonomia estratégica, fortalecendo a solidariedade e a coordenação e livrando-se da interferência externa para que o destino da região permaneça em suas próprias mãos.
"A China fará os possíveis para desempenhar um papel mediador e fornecer o apoio necessário para ambos os países, contribuindo, assim, para promover a segurança e a estabilidade no Oriente Médio", disse.
De acordo com Qin, a melhoria das relações entre o Irã e a Arábia Saudita fornecerá uma garantia mais forte para salvaguardar a paz e a estabilidade regional e estabelecerá um exemplo importante para outros países resolverem conflitos por meio do diálogo e da consulta.
"Este pequeno passo para a Arábia Saudita e o Irã é um salto gigante através do conflito para a humanidade alcançar a reconciliação", acrescentou.
Os ministros das Relações Exteriores da Arábia Saudita e do Irã expressaram também seus agradecimentos e apreço à China por sediar a reunião.
A escolha da China "surgiu como uma extensão do papel positivo de Beijing em alcançar o acordo e facilitar a comunicação entre os dois países", disse o jornal londrino Asharq al-Awasat, em língua árabe, citando uma fonte não identificada em Riad na quarta-feira.
Lu Jin, especialista em Irã da Academia Chinesa de Ciências Sociais, disse: "Os esforços de mediação da China, que atendem às necessidades de desenvolvimento dos países da região, contam com o forte apoio das pessoas na região", acrescentando que tais esforços demonstraram também como a China implementou a Iniciativa de Segurança Global proposta pelo Presidente Xi Jinping.
O anúncio do restabelecimento das relações diplomáticas entre o Irã e a Arábia Saudita ocorreu antes do esperado e demonstrou a aspiração dos países da região a favor da paz e do desenvolvimento socioeconômico, acrescentou.
