Viagens do presidente Xi Jinping a Bali e Bangkok são consideradas marcantes na diplomacia do país
A próxima viagem do presidente Xi Jinping ao Sudeste Asiático para cúpulas multilaterais e negociações bilaterais alimentou as expectativas de que a China desempenhará papéis mais importantes na melhoria da governança global e na oferta de soluções para questões-chave, incluindo mudanças climáticas e segurança alimentar e energética.
Xi participará na 17ª Cúpula do G20 em Bali, Indonésia, de segunda a quinta-feira, antes de comparecer à 29ª Reunião de Líderes Econômicos da APEC em Bangkok e visitar a Tailândia de quinta a sábado, de acordo com o Ministério das Relações Exteriores da China.
A viagem incluirá também uma série de reuniões bilaterais, incluindo conversas agendadas com o presidente francês, Emmanuel Macron, e o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.
Xu Liping, diretor do Centro de Estudos do Sudeste Asiático da Academia Chinesa de Ciências Sociais, disse que uma das prioridades durante a viagem de Xi a Bali e Bangkok poderá ser a apresentação de soluções e sabedoria chinesas em relação a algumas das questões globais mais prementes.
"A China emergiu como uma força estabilizadora da recuperação econômica global, e a nação deverá oferecer mais confiança ao mundo no contexto de uma potencial crise econômica", afirmou.
A viagem será monumental na diplomacia da China, pois marca a primeira visita estrangeira do principal líder do país desde o 20º Congresso Nacional do PCCh, que mapeou o desenvolvimento do país para os próximos cinco anos e além.
"Será uma ocasião para o líder chinês apresentar novos planos e proposições na diplomacia nacional e, por meio de um engajamento positivo, com líderes de outros países, defender a construção da comunidade com o futuro compartilhado para a humanidade", afirmou.
Os presidentes da China e dos Estados Unidos terão sua primeira reunião desde o início da pandemia e desde que Biden assumiu o cargo, em janeiro de 2021.
O conselheiro de segurança nacional dos EUA, Jake Sullivan, disse em uma coletiva de imprensa na quinta-feira que a reunião de Xi e Biden será "uma oportunidade profunda e substantiva para entender melhor as prioridades e intenções um do outro, abordar diferenças e identificar áreas em que é possível trabalharmos juntos".
Oriana Skylar Mastro, pesquisadora do Instituto Freeman Spogli de Estudos Internacionais da Universidade de Stanford, disse que o governo Biden gostaria de discutir questões como mudanças climáticas e criar alguma base para a cooperação entre a China e os EUA.
"A esperança é que isso trave a espiral descendente nas relações", disse ela.
Xu disse que a comunidade internacional tem grandes expectativas para esta reunião, dada a importância de Beijing e Washington administrarem suas diferenças, respondendo conjuntamente aos desafios globais e defendendo a paz e a estabilidade globais.
Ele acrescentou que a comunicação entre os dois chefes de Estado desempenha um papel importante na navegação e gestão dos laços sino-americanos.
Uma das três prioridades da Cúpula do G20 deste ano é a transformação digital, uma questão que foi proposta pela primeira vez durante a Cúpula do G20, em Hangzhou, em 2016, disse ele.
A crise na Ucrânia e as crises globais de alimentação e energia apontam para a necessidade de maior solidariedade entre as nações, e a China deu o exemplo ao defender o regionalismo aberto e o multilateralismo, bem como a paz e a cooperação de benefício mútuo, disse Xu.
A China e vários países do G20 destinaram compromissos financeiros de mais de US$ 1,4 bilhão para o estabelecimento de um Fundo Pandêmico, o qual oferecerá financiamento para fortalecer as capacidades de prevenção, preparação e resposta em países de baixa e média renda.
Muhadi Sugiono, pesquisador em relações internacionais da Universidade Gadjah Mada, na Indonésia, disse à Agência de Notícias Xinhua que espera que a China continue a desempenhar seu papel como um grande país responsável, promovendo várias nações a se concentrarem em interesses comuns na Cúpula do G20, criando políticas de ajuda para os países em desenvolvimento e estimulando a recuperação econômica global.
A visita de Xi também deverá dar mais impulso aos laços da China com a Indonésia e a Tailândia, incluindo a cooperação na Iniciativa do Cinturão e Rota e a economia verde.
Um teste da ferrovia de alta velocidade Jacarta-Bandung, um dos projetos marcantes da BRI, será realizado durante a Cúpula do G20, segundo autoridades indonésias.
Xu, do CASS, disse que existe um imenso potencial para Beijing e Jacarta fortalecerem a cooperação no desenvolvimento de infraestruturas e na economia verde e digital.
"Há também muito espaço para a integração entre a ferrovia China-Laos e a ferrovia China-Tailândia para aumentar a conectividade na região", disse ele.
