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Diplomatas brasileiros apresentam perspectivas para BRICS 2022

Fonte: Xinhua    14.06.2022 13h52

Diplomatas brasileiros apresentaram na segunda-feira o documento Perspectivas Brasileiras para os BRICS - 2022, desenvolvido pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI), que teve como objetivo mapear tendências e definir estratégias e propostas concretas a partir do ponto de vista do país sul-americano.

O projeto foi desenvolvido pelo CEBRI, a convite da Embaixada da China no Brasil, com o objetivo de informar a agenda e melhorar a ação conjunta e a inserção internacional do grupo.

Coordenado por Marcos Caramuru de Paiva, ex-embaixador do Brasil na China, o relatório foi elaborado pelos "Senior Fellows" Tatiana Rosito e José Mario Antunes, com o apoio da equipe do Centro Ásia, e a participação de dezenas de especialistas.

Ao apresentar o documento nas redes sociais do CEBRI, Caramuru destacou que o Brasil só poderá aproveitar as oportunidades abertas pela cooperação entre os países do BRICS se tiver uma visão clara de uma estratégia nacional de desenvolvimento.

"A inserção no BRICS, o aproveitamento da plataforma do BRICS de uma forma mais saudável, depende de uma definição de uma estratégia nacional mais ampla", afirmou.

"Não se trata somente de rever algumas das grandes questões que estão diante de nossa economia, mas, a partir dessa revisão, rever também nossa inserção na economia internacional e encontrar um papel mais claro e de maior valor agregado para o BRICS em nossa realidade", ressaltou.

O CEBRI realizou, em fevereiro e março deste ano, três reuniões a portas fechadas com especialistas brasileiros do mundo acadêmico, com o setor privado, o setor público e a sociedade civil para debater as perspectivas dos BRICS em 2022, ano em que a presidência rotativa do grupo é da China.

As reuniões se concentraram nos temas "Economia, Finanças, Comércio e Investimento" e "Governança Global".

Foram discutidos, entre outros pontos, o fortalecimento do comércio e do investimento intra-BRICS para aproveitar a recuperação pós-pandêmica e contribuir para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Outro destaque foi como impulsionar a complementariedade das cadeias de fornecimento e estimular os investimentos para promover a complementariedade produtiva. Muitos especialistas destacaram a força da China nos BRICS.

Em nome do país asiático, o Encarregado de Negócios da embaixada chinesa no Brasil, Jin Hongjun, destacou na segunda-feira as convergência entre os países membros, e sua expectativa favorável com relação a 14ª Cúpula dos BRICS, prevista para o final de junho.

"Ao lado do Brasil e dos demais integrantes do grupo, o governo chinês espera promover um resultado positivo para a Cúpula, fazendo deste mecanismo de cooperação um lastro e uma fonte de energias em um cenário turbulento", acrescentou.

A embaixadora Ana Maria Bierrenbach, coordenadora de Mecanismos Inter-regionais da chancelaria brasileira e Sub-Sherpa do Brasil para os BRICS, enfatizou a vigência dos princípios que impulsionaram a criação do grupo.

"O BRICS continua sendo valorizado por seus cinco membros como uma importante plataforma de cooperação e diálogo, e os principais objetivos que levaram à formação do grupo 13 anos continuam vivos", afirmou.

"Esses objetivos são "a defesa do multilateralismo e a reforma das instituições multilaterais para tornar mais justa e eficaz a ordem internacional, legitimamente representativa e com uma maior participação dos países em desenvolvimento".

O documento Perspectivas Brasileiras para os BRICS-2022 enfatiza que o BRICS, em pouco mais de uma década, produziu resultados concretos e continua despertando interesse pelo potencial que oferece para a cooperação e por ser um mecanismo único de concertação em um mundo multipolar.

No caso do Brasil, o documento destaca que os BRICS devem ser entendidos como uma oportunidade para diversificar e agregar valor à agenda comercial e aumentar o comércio internacional intraindústria.

Além disso, o texto elaborado pelos especialistas brasileiros registra a percepção de que os BRICS podem chegar a ter uma relevância maior em um mundo no qual a geopolítica tende a ganhar primazia sobre os fatores econômicos que regem as relações entre os países.

Nesse sentido, entre as recomendações, propõe estimular um compromisso maior entre o continente euro-asiático, o africano e o sul-americano, e no contexto, o Brasil teria um papel a desempenhar na construção de pontes multilaterais e regionais.

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