Um recém publicado ensaio sobre o conceito de democracia, da autoria de Diego Pautasso e Isis Paris Maia, aborda o recente debate político em torno das democracias liberais e do caso da China.
Os autores aludem ao pendor de exclusividade geralmente atribuído ao universo liberal-ocidental, geralmente inserido na dicotomia "democracia x ditadura", em que "aniquila-se qualquer possibilidade de discussão dos reais mecanismos de interação Estado-sociedade para além dos ritos e normas convencionais, com ênfase no jogo eleitoral".
Os autores argumentam que a queda da União Soviética resultou num consenso "forjado" em torno do sucesso das democracias liberais, "tão apressado quanto ilusório", excludente de qualquer outra via para o desenvolvimento e progresso. A China assume-se, assim como um país "que não pode ser subestimado".
A confiança das democracias liberais como "modelo único e insuperável" resulta, segundo os autores, numa intransigência e aversão à discussão dos seus preceitos político-sociais.
Do mesmo modo, esse campo parte para uma simplificação de quaisquer outras experiências socialistas, reduzidas todas elas ao "totalitarismo", em contraponto com o "mundo livre" possibilitado pelas democracias liberais.
A ideia de que as democracias liberais resultam no "livre mercado econômico", "livre mercado eleitoral" e "liberdade (corporativa) de imprensa", é algo apenas "possível abstraindo e ignorando a concentração de poder e de recursos, bem como as disfunções e contradições para além das normas e formalidades".
O texto prossegue com algumas considerações entre os EUA e o caso de estudo, a China, abordando a participação política, construção institucional, cultura, entre outros aspetos que permitem compreender melhor a ideia-chave do ensaio.
O texto pode ser lido na íntegra em:
https://outraspalavras.net/descolonizacoes/polemica-sera-heretico-falar-em-democracia-chinesa/
