Em 1969, um adolescente de Beijing juntou-se a 17 milhões de estudantes chineses no "Movimento Rumo ao Campo", uma campanha lançada pelo presidente Mao Zedong que enviava jovens dos centros urbanos para experienciar o trabalho nas áreas rurais.
Esse jovem viajou para uma aldeia deserta no planalto de Loess, no noroeste da China, e passou sete anos vivendo nas montanhas.
Seu nome é Xi Jinping.
Liangjiahe, então uma vila árida nas montanhas da província de Shaanxi, é agora um lugar próspero com uma agricultura moderna e uma indústria turística em expansão.
Naquela época, a vida era dura em Liangjiahe.
Xi morava em cavernas junto dos locais e dormia em uma cama de tijolos e argila.
“As pessoas viviam na pobreza. Muitas vezes ficavam meses sem carne. O que eu mais queria era possibilitar que os moradores não apenas comessem carne ocasionalmente, mas que tivessem com frequência carne em seus pratos”, disse Xi, que é agora o presidente da China, secretário-geral do Comitê Central do Partido Comunista da China (PCC) e presidente da Comissão Militar Central.
Depois de Xi se tornar secretário do Partido na vila de Liangjiahe, em janeiro de 1974, ele liderou os moradores em um conjunto de projetos.
"Os projetos incluíram a ‘barragem da juventude instruída’, o ‘poço da juventude instruída’ - que continua sendo a fonte de nossa água canalizada - e mais tarde a usina de ferro, o escritório de suprimentos e vendas, o moinho de grãos e a oficina de costura. Estes são alguns dos projetos que ele realizou quando foi secretário do Partido em Liangjiahe", lembrou Shi Chunyang, ex-secretário da filial do PCCh da vila de Liangjiahe.
Xi decidiu que a principal prioridade para os aldeões seria a alimentação. Ele propôs melhorar as condições do solo local com a construção de uma barragem, que transformaria uma grande área de terra árida em campos produtivos e aumentaria a produtividade das colheitas.
O plano de Xi de pôr carne nas mesas dos aldeões já se concretizou.
"Em 1975, vimos alguns resultados da barragem", disse Shi. "Em primeiro lugar, o leito do rio passou a poder ser usado para o cultivo. Em segundo lugar, as condições do solo melhoraram, aumentando a produtividade de 1.500 kg por hectare para cerca de 7.500 kg."
A partir dessa base, Liangjiahe foi gradualmente transformada nas décadas seguintes.
Foram desenvolvidos mais de 60 hectares de pomares nas montanhas, instaladas instalações fotovoltaicas, desenvolvida a aquicultura fluvial e construídas estufas de vegetais - o desenvolvimento do turismo é agora o foco da população.
A renda anual per capita de Liangjiahe de cerca de 9.600 yuans ($ 1.478) em 2014 aumentou para 21.634 yuans ($ 3.335) em 2019.
Costumava haver 14 famílias atingidas pela pobreza, compreendendo 44 pessoas, em Liangjiahe, mas isso acabou com a erradicação da pobreza em 2018, de acordo com Gong Baoxiong, secretário da filial do PCCh da aldeia.
Em um discurso de 2015 na cidade americana de Seattle, Xi saudou o progresso de Liangjiahe como “um microcosmo do desenvolvimento econômico e social da China” desde que a política de reforma e abertura começou em 1978.
Hoje, milhares de pessoas vêm ao vilarejo para testemunhar o estilo de vida humilde que ajudou a moldar o caráter do presidente Xi e a melhor compreender seu fervor na luta contra a pobreza.