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Interação entre Xi e Biden é essencial para reparar laços bilaterais, dizem analistas

Fonte: Diário do Povo Online    13.09.2021 09h29

O envolvimento de alto nível entre Washington e Beijing é essencial para que as duas maiores economias do mundo resolvam o impasse nas relações bilaterais, afirmam os analistas, depois que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, ter mantido uma conversa por telefone com o presidente chinês, Xi Jinping, na sexta-feira, apenas a segunda desde que Biden assumiu a presidência.

Durante a conversa, Xi disse a Biden que "desde há algum tempo, devido à política dos EUA sobre a China, as relações China-EUA têm enfrentado sérias dificuldades" e que não se trata de "uma questão de múltiplas respostas sobre se deveríamos ter boas relações, mas uma questão obrigatória".

A Casa Branca afirmou em comunicado que durante a chamada de 90 minutos feita a pedido do lado norte-americano, os dois líderes "discutiram a responsabilidade de ambas as nações de garantir que a concorrência não se transforme em conflito".

"É essencial que os dois líderes falem com frequência e usem seu longo relacionamento pessoal para resolver disputas comerciais e outras", disse Douglas Barry, diretor sênior de comunicações e publicações do Conselho de Negócios EUA-China.

"O impasse atual não será resolvido sem o seu envolvimento", disse Barry ao China Daily, acrescentando: "Dito isso, é necessário haver engajamento em muitos níveis técnicos e mais participação das comunidades empresariais."

Barry disse que mais ligações regulares que levem a discussões cara a cara são necessárias, como o que acontece com a primeira fase do acordo comercial, que expira no final do ano; o qual é exigido de ambos os países para elevar ou reduzir tarifas punitivas. É preciso também a coordenação de esforços para prevenir ameaças existenciais, como o aquecimento global e pandemias.

"O status quo manter-se-á ou se deteriorará ainda mais, a menos que os dois presidentes mantenham o contacto", disse.

O último telefonema presidencial, no início de fevereiro, foi o culminar da interação entre a China e os EUA desde que Biden assumiu o cargo no final de janeiro, depois que as relações bilaterais caíram ao ponto mais baixo em quatro décadas.

Um alto funcionário do governo Biden disse que o presidente iniciou a interação com Xi "para ter uma discussão ampla e estratégica sobre como administrar a competição entre os Estados Unidos e a China", de acordo com relatos da mídia norte-americana.

"É bem provável que o engajamento no nível de líder seja realmente o que é necessário para mover a bola para a frente", disse a National Public Radio, citando uma autoridade não identificada na sexta-feira.

Em março, o principal diplomata chinês Yang Jiechi e o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, lideraram equipes para negociações em Anchorage, Alasca, nas quais Yang rejeitou que Washington assumisse uma "posição de força" em sua abordagem à China.

Na reunião de Tianjin, no final de julho, o conselheiro de Estado e ministro das Relações Exteriores, Wang Yi, expôs as "três linhas de fundo" da China à vice-secretária de Estado dos EUA, Wendy Sherman.

O primeiro ponto é que os EUA não devem desafiar, caluniar ou tentar subverter o caminho e o sistema do socialismo com características chinesas. A segunda é que os EUA não devem tentar obstruir ou interromper o processo de desenvolvimento da China. A terceira é que os EUA não devem infringir a soberania da China ou prejudicar sua integridade territorial.

Em suas conversas com Sherman, o vice-ministro de Relações Exteriores Xie Feng disse que a política dos EUA parece exigir cooperação quando quer algo da China e a dissociação, corte, bloqueio ou imposição de sanções contra a China quando acreditam que a China está em vantagem.

Douglas Paal, ilustre membro do Programa da Ásia do Carnegie Endowment for International Peace, disse: "Espero que alguém do lado dos EUA tenha percebido que as recentes interações de alto nível não estavam indo a lugar nenhum, e, mais provavelmente até, piorando, sendo hora de envolver os principais líderes".

Gary Hufbauer, pesquisador sênior e especialista em comércio do Instituto Peterson de Economia Internacional em Washington, disse que o telefonema é "o melhor evento" em muito tempo, o que poderá sinalizar uma redução gradual da tensão.

"Ambos os líderes se comprometeram a reduzir as emissões de carbono. Na COP de novembro (Conferência das Partes), eles podem reafirmar esses compromissos e estabelecer políticas específicas para alcançar a neutralidade de carbono", disse Hufbauer sobre a conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas que será realizada em Glasgow em novembro.

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