O conselheiro de Estado chinês e ministro das Relações Exteriores, Wang Yi, participou na quarta-feira da primeira reunião de chanceleres dos países vizinhos do Afeganistão em Beijing por meio de um link de vídeo.
Observando que o Afeganistão está agora numa encruzilhada, Wang disse que o país ainda enfrenta graves desafios, como questões humanitárias, garantia de meios de subsistência e a pandemia de Covid-19. Algumas forças internacionais podem também usar meios políticos, econômicos e financeiros para criar novos problemas para o país.
As nações vizinhas, mais do que ninguém, querem ajudar o Afeganistão a sair do caos, disse. “Devem exercer uma influência positiva no desenvolvimento da situação, com base no respeito pela independência soberana e integridade territorial do Afeganistão”.
Wang enfatizou que os Estados Unidos e seus aliados deveriam retirar uma lição do sucedido e assumir suas devidas responsabilidades na questão afegã.
"A visão comum da comunidade internacional é que o fim da intervenção militar dos Estados Unidos e seus aliados deve ser o início de sua tomada de responsabilidades", disse Wang.
"Eles são mais obrigados do que qualquer outro país a fornecer ajuda econômica, de subsistência e humanitária ao povo afegão e ajudar o Afeganistão a manter a estabilidade, prevenir o caos e avançar em direção a um desenvolvimento sólido com base no respeito à sua soberania e independência".
Ele disse que os vizinhos devem orientar e exortar o Talibã a unir todos os grupos étnicos e fações, construir uma estrutura política ampla e inclusiva, buscar políticas internas e externas moderadas e prudentes, traçar uma linha clara com as forças terroristas e estabelecer relações amistosas relações com outros países, especialmente países vizinhos.
O Talibã fez recentemente declarações positivas em questões como formar um governo, combater o terrorismo e travar amizade com seus vizinhos. “Saudamos as declarações. A chave é transformá-las em ações concretas”, disse ele, acrescentando que os dois pontos mais importantes são a ampla inclusão e a repressão resoluta ao terrorismo.
Os vizinhos do Afeganistão devem desempenhar um papel único no fornecimento de um bom ambiente externo para a estabilidade e reconstrução do Afeganistão e, ao mesmo tempo, abordar suas próprias preocupações legítimas, disse Wang.
Ele propôs seis aspetos para a coordenação e cooperação no estágio atual, incluindo ajudar o Afeganistão a fortalecer a prevenção e controle de epidemias, manter os portões abertos, fortalecer a gestão de refugiados e emigrantes, fornecer assistência humanitária o mais rápido possível, aprofundar a cooperação antiterrorismo e no combate à droga.
Wang anunciou que a China decidiu fornecer urgentemente 200 milhões de yuans (30,96 milhões de dólares americanos) em cereais, suprimentos de inverno, vacinas e medicamentos para o Afeganistão, de acordo com as necessidades do povo afegão.
Ele disse que a China decidiu doar 3 milhões de doses de vacinas ao povo afegão no primeiro lote. A China também está pronta para fornecer mais materiais anti-epidêmicos e de emergência ao Afeganistão sob a Reserva de Suprimentos de Emergência China-Países do Sul da Ásia.
Os participantes avaliaram positivamente uma série de consensos alcançados na reunião e concordaram em institucionalizar a reunião de chanceleres dos países vizinhos do Afeganistão.
A primeira reunião de chanceleres dos países vizinhos do Afeganistão foi presidida pelo ministro das Relações Exteriores do Paquistão, Shah Mahmood Qureshi. Também participaram da reunião o ministro das Relações Exteriores iraniano Hossein Amir Abdollahian, o ministro das Relações Exteriores tadjique, Sirojiddin Muhriddin, o ministro das Relações Exteriores uzbeque, Abdulaziz Kamilov e o ministro adjunto das Relações Exteriores do Turcomenistão, Vepa Khadzhiev.