O conselheiro de Estado chinês e ministro das Relações Exteriores, Wang Yi, conversou via telefônica com o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, no domingo, trocando opiniões sobre a situação no Afeganistão e sobre os laços China-EUA.
Durante a conversa, Blinken disse que, em um momento crítico em que a retirada e evacuação militar dos EUA do Afeganistão está se aproximando do fim, Washington acredita que o Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU) deve ter uma voz clara e unificada para demonstrar que a comunidade internacional espera que o Talibã garante a evacuação segura de cidadãos estrangeiros, o acesso do povo afegão a assistência humanitária e que o território afegão não se torne um foco de ataques terroristas ou um porto seguro para o terrorismo.
Wang disse que a situação no Afeganistão passou por mudanças fundamentais, e que é necessário que todas as partes estejam em contacto com o Talibã.
Os Estados Unidos, em particular, precisam trabalhar com a comunidade internacional para fornecer ao Afeganistão a assistência econômica de subsistência humanitária urgentemente necessária, ajudar a nova estrutura política afegã a manter o funcionamento normal das instituições governamentais, manter a segurança social e a estabilidade, conter a depreciação da moeda e a inflação, e embarcar na jornada de reconstrução pacífica o quanto antes, disse ele.
Os fatos provaram uma vez mais que a guerra do Afeganistão nunca atingiu o objetivo de eliminar as forças terroristas no Afeganistão, disse Wang, acrescentando que a retirada precipitada das tropas dos EUA e da OTAN provavelmente oferecerá uma oportunidade para o ressurgimento de vários grupos terroristas no Afeganistão.
Wang instou os Estados Unidos, com a premissa de respeitar a soberania e independência do Afeganistão, a tomar ações concretas para ajudar o país a combater o terrorismo e a violência, ao invés de praticar dois pesos e duas medidas ou combater o terrorismo de forma seletiva.
Os EUA conhecem claramente as causas da atual situação caótica no Afeganistão, observou Wang, acrescentando que qualquer ação a ser tomada pelo Conselho de Segurança deve contribuir para aliviar as tensões em vez de intensificá-las, e contribuir para uma transição suave da situação no Afeganistão em vez de um retorno à turbulência.
Blinken expressou a sua compreensão e respeito pelas preocupações da China sobre a questão do Afeganistão.
Nas relações China-EUA, Wang observou que os dois países conduziram recentemente uma comunicação sobre questões como a situação no Afeganistão e as mudanças climáticas.
O diálogo é melhor do que o confronto, e a cooperação melhor do que o conflito, disse Wang, acrescentando que o lado chinês considerará como se envolver com os Estados Unidos, com base na sua atitude em relação à China.
Se os EUA esperam também trazer de volta as relações bilaterais ao caminho certo, devem parar de difamar e atacar cegamente a China, e de minar a soberania, segurança e interesses de desenvolvimento da China, disse Wang.
O lado americano deve levar a sério as duas listas que a China apresentou aos Estados Unidos durante as negociações em Tianjin, disse Wang.
Wang observou que a China se opõe veementemente ao chamado relatório de investigação sobre as origens do Covid-19 produzido pela comunidade de inteligência dos EUA recentemente.
Politizar o rastreio das origens é um fardo político deixado pelo ex-governo dos EUA, disse Wang, acrescentando que, quanto mais cedo os EUA abandonarem esse desígnio, mais fácil sairá da situação atual.
A China, uma vez mais, pede aos Estados Unidos que parem de politizar o rastreio das origens da Covid-19, parem de pressionar a Organização Mundial da Saúde e de interferir e minar a solidariedade da comunidade internacional contra a pandemia e a cooperação científica global no rastreio das origens, disse Wang.
Blinken disse que os Estados Unidos não têm intenção de culpar nenhum país pelo rastreio das origens da Covid-19. Como países importantes, tanto os Estados Unidos quanto a China têm a responsabilidade de fornecer todas as informações necessárias, investigar minuciosamente as origens do vírus e evitar uma nova pandemia. Os Estados Unidos desejam manter contato com a China a esse respeito.