Relação saudável sino-americana deve ser 'encorajada', diz vice-ministro das Relações Exteriores chinês

Fonte: Diário do Povo Online    19.04.2021 09h47

O vice-ministro das Relações Exteriores diz que a competição não deve ser um 'jogo vicioso de soma zero'.

Beijing e Washington devem "evitar o confronto" enquanto movem esforços para traduzir em realidade o consenso alcançado no recente diálogo estratégico de alto nível em Anchorage, Alasca, de acordo com um diplomata sênior.

A China e os Estados Unidos estão cooperando em algumas questões específicas, uma vez que "coordenaram a vacinação contra a Covid-19 para os diplomatas uns dos outros", afirmou o vice-ministro das Relações Exteriores Le Yucheng em uma entrevista recente à Associated Press.

Ele observou que John Kerry, enviado para o clima do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, visitou a China para discutir a cooperação sobre mudanças climáticas, acrescentando que "todas elas são tendências positivas que devem ser incentivadas".

A entrevista decorreu em um momento que os laços bilaterais foram afetados por Washington, que intensificou os contatos oficiais com Taiwan e está buscando um maior alinhamento com alguns aliados da Ásia-Pacífico para pressionar Beijing, segundo os especialistas.

Na entrevista, Le abordou temas-chave comuns às duas maiores economias mundiais, como Taiwan, Xinjiang, Hong Kong, Mar da China Meridional, Covid-19 e mudanças climáticas, de acordo com uma transcrição divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores da China no domingo.

"Para dois grandes países como a China e os EUA, a competição pode ser inevitável. Mas ela deve ser saudável e não deve se tornar um jogo vicioso de soma zero", disse Le.

Algumas pessoas nos Estados Unidos estão competindo para ver quem é mais duro com a China, algo que Le descreveu como "perigoso" e que poderia "atrapalhar essa relação e levar o mundo à catástrofe. ... Essa tendência deve ser cerceada".

Na semana passada, a Casa Branca aumentou as tensões no Estreito de Taiwan ao enviar à ilha uma delegação de ex-membros do governo, incluindo um ex-senador e dois ex-vice-secretários de Estado.

Em resposta, Le reiterou a objeção resoluta da China a qualquer forma de compromisso oficial entre os EUA e Taiwan, dizendo que a questão de Taiwan afeta os interesses centrais da China e que "simplesmente não há margem para acordos".

"Seja uma (delegação) de baixo ou de alto nível, opomo-nos veementemente ao engajamento oficial. Os EUA não deveriam jogar a 'carta de Taiwan'. É perigoso. O princípio de uma só China é a linha vermelha da China", afirmou.

Quando questionado sobre o cronograma para a questão de Taiwan, Le disse: "É um processo da história".

Wang Yiwei, professor da Escola de Estudos Internacionais da Universidade Renmin da China, disse que embora a política do governo Biden para a China esteja ainda longe de tomar sua forma final, ela herdou a estratégia do governo anterior de bloquear a China.

Os movimentos agressivos recentes e frequentes de Washington servem o seu objetivo de "coagir e frustrar a China, em particular, a cadeia de produção e a cadeia de abastecimento que são importantes para a economia chinesa e seus setores movidos pela tecnologia".

Falando sobre a presença dos EUA no Mar da China Meridional, o vice-ministro das Relações Exteriores citou dados de que os EUA fizeram voar aviões militares sobre o Mar da China Meridional quase 4.000 vezes e enviaram navios militares à região mais de 130 vezes só no ano passado.

“Esperamos que os EUA atuem de forma a conduzir à estabilidade regional, ao invés de fazerem provocações e criarem problemas, pois isso pode levar a acidentes”, prosseguiu, acrescentando que os dois países poderiam, em vez disso, apostar na cooperação marítima.

Quando questionado sobre a questão da confiança entre a China e alguns países ocidentais liderados pelos EUA em relação a Xinjiang, Le disse: "Os EUA não confiam em nós porque têm sua própria agenda. Preferem acreditar na presunção de culpa".

"Xinjiang está aberta ao exterior. Damos as boas-vindas a todos, inclusive jornalistas a visitar Xinjiang, mas alguns não estão dispostos a vir e nos visitar. Convidamos diplomatas ocidentais para Xinjiang, mas eles estão relutantes em aceitar nosso convite. O que receiam?", inquiriu.

Le criticou a campanha de desinformação de Washington e seus aliados visando Xinjiang, descrevendo-a como "extremamente prejudicial", e observou que um pacote de sabão em pó foi usado como desculpa para iniciar a guerra no Iraque, e um vídeo encenado a desculpa para intervenções militares em Síria.

(Web editor: Beatriz Zhang, Renato Lu)

0 comentários

  • Usuário:
  • Comentar:

Wechat

Conta oficial de Wechat da versão em português do Diário do Povo Online

Mais lidos