A China e os Estados Unidos emitiram uma declaração conjunta sobre a resposta à crise climática após conversas entre o Enviado Especial da China para Mudanças Climáticas, Xie Zhenhua, e o Enviado Especial Presidencial dos EUA para o Clima, John Kerry, de quinta-feira a sexta-feira em Shanghai.
Segue abaixo o texto completo da declaração:
1. A China e os Estados Unidos estão comprometidos em cooperar com a outra parte e com outros países para enfrentar a crise climática, que tem de ser solucionada com a seriedade e urgência que requer. Isso inclui o fortalecimento de suas respectivas ações e a cooperação em processos multilaterais, incluindo a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima e o Acordo de Paris. Ambos os países recordam sua contribuição histórica para o desenvolvimento, adoção, assinatura e entrada em vigor do Acordo de Paris por meio de sua liderança e colaboração.
2. Seguindo em frente, a China e os Estados Unidos estão firmemente comprometidos em trabalhar juntos e com outras partes para fortalecer a implementação do Acordo de Paris. As duas partes recordam o objetivo do Acordo, em concordância com o Artigo 2, de manter o aumento da temperatura média global bem abaixo de 2 graus centígrados e buscar esforços para limitá-lo a 1,5 grau centígrado. A esse respeito, eles estão empenhados em prosseguir tais esforços, incluindo a tomada de ações climáticas reforçadas que aumentam a ambição na década de 2020 no contexto do Acordo de Paris, com o objetivo de manter o limite de temperatura acima referido dentro do alcance e cooperar para identificar e enfrentar os desafios e oportunidades relacionados.
3. Ambos os países esperam a Cúpula de Líderes sobre o Clima, que será sediada pelos EUA em 22 e 23 de abril. Eles compartilham a meta da Cúpula de aumentar a ambição climática global sobre mitigação, adaptação e apoio no caminho para a COP 26 em Glasgow.
4. A China e os Estados Unidos tomarão outras ações no curto prazo para contribuir ainda mais para enfrentar a crise climática:
a. Ambos os países pretendem desenvolver até a COP 26 em Glasgow suas respectivas estratégias de longo prazo visando a neutralidade de carbono/emissões líquidas zero de gases de efeito estufa.
b. Ambos os países pretendem tomar medidas apropriadas para maximizar o investimento internacional e o financiamento em apoio à transição da energia baseada em combustíveis fósseis com alto teor de carbono para energia verde, de baixo carbono e renovável nos países em desenvolvimento.
c. Cada um deles implementará a redução faseada da produção e do consumo de hidrofluorocarbono refletido na Emenda Kigali ao Protocolo de Montreal.
5. A China e os Estados Unidos continuarão a discutir, tanto no caminho para a COP 26 quanto além, ações concretas na década de 2020 para reduzir as emissões com o objetivo de manter o limite de temperatura, alinhado com o Acordo de Paris, dentro do alcance, incluindo:
a. Políticas, medidas e tecnologias para descarbonizar a indústria e a energia, inclusive por meio da economia circular, armazenamento de energia e confiabilidade da rede elétrica, CCUS e hidrogênio verde;
b. Maior implantação de energia renovável;
c. Agricultura verde e resiliente ao clima;
d. Edifícios com eficiência energética;
e. Transporte verde de baixo carbono;
f. Cooperação na abordagem das emissões de metano e outros gases de efeito estufa não-CO2;
g. Cooperação na abordagem das emissões da aviação civil internacional e atividades marítimas; e
h. Outras políticas e medidas de curto prazo, inclusive com relação à redução das emissões de carvão, petróleo e gás.
6. As duas partes cooperarão para promover uma COP 26 bem-sucedida em Glasgow, com o objetivo de completar os arranjos de implementação do Acordo de Paris (por exemplo, nos termos do Artigo 6 e Artigo 13) e avançar significativamente na ambição climática global de mitigação, adaptação e apoio. Eles irão cooperar ainda mais para promover o sucesso da COP 15 da Convenção sobre Diversidade Biológica em Kunming, observando a importância do Quadro de Biodiversidade Global pós-2020, incluindo sua relevância para a mitigação e adaptação ao clima.