Fukushima: uma solução barata para o Japão, cara para o resto do mundo

Fonte: Diário do Povo Online    16.04.2021 13h27

No início de abril, a quantidade de água radioativa armazenada nos tanques da usina nuclear de Fukushima, no Japão, era de 1,25 milhão de toneladas, com a quantidade aumentando em 140 toneladas por dia.

A previsão é que, a partir de março de 2023, o volume de água atinja 1,37 milhão de toneladas, atingindo o limite superior dos atuais tanques de água que o Japão construiu para o projeto.

Porém, o fato de o governo japonês ter decidido descarregar a água no mar após diluí-la para tornar o nível de radiação inferior aos padrões nacionais deveria ser alvo da vigilância de todo mundo.

De acordo com a Tokyo Electric Power Company, a operadora da usina, a maioria dos radioisótopos, exceto o trítio, pode ser eliminada, e despejar a água no mar não poluirá o ambiente marinho.

No entanto, especialistas em proteção bioquímica nuclear de diferentes países disseram que é quase impossível eliminar todos os radioisótopos da água contaminada com a tecnologia atual. Fazer com que a concentração de trítio seja inferior ao "padrão nacional" do Japão não significa que os elementos radioativos sejam removidos.

Existem muitos tipos de radioisótopos na água contaminada, sendo que alguns com átomos de vida curta podem desaparecer 10 anos após o acidente. Porém, a decadência de alguns isótopos pode levar dezenas de milhares de anos, ou mesmo centenas de milhares de anos.

Especialistas alemães estimam que dentro de 57 dias, as substâncias radioativas contidas na água contaminada a ser descarregada pelo Japão se espalharão por grande parte do Pacífico, e as que águas próximas aos Estados Unidos e Canadá estarão poluídas em três anos.

Os radioisótopos restantes na água se acumularão na cadeia alimentar das criaturas vivas do oceano e, assim, passarão para os humanos. Ainda não se sabe por quanto tempo a poluição afetará o meio ambiente marinho e, uma vez que a água contaminada com energia nuclear seja despejada no mar, a velocidade de sua propagação, seus efeitos e riscos ambientais entrarão em um estado incontrolável.

Em outras palavras, despejar no mar a água contaminada por energia nuclear terá inevitavelmente um impacto sobre a ecologia e o meio ambiente globais, pelos quais o mundo inteiro terá de pagar um preço.

O Japão pode construir mais tanques para armazenar a água poluída nuclear, ou vaporizá-la no ar, como os EUA fizeram com as águas residuais em um acidente de derretimento na usina nuclear de Three Mile Island em 1979.

O descarte de água contaminada no oceano é a escolha mais barata para o Japão. Mas sairá caro para o mundo.

(Web editor: Fátima Fu, editor)

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