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O enfrentamento da Covid-19 e as vacinas chinesas

Fonte: Diário do Povo Online    23.03.2021 08h44

por José Medeiros da Silva

Diante do devastador cenário gerado pela Covid-19, a principal esperança humana para a superação dessa pandemia é o desenvolvimento de vacinas. E entre os países com capacidade de produzir vacinas, a China é um dos mais avançado nesse quesito. O conhecimento produzido pelos chineses no enfrentamento da Covid-19, assim como suas vacinas, deve ser visto como uma grande janela de oportunidade não apenas para esse país, mas para todos os povos.

Segundo matéria publicada no dia 16 de março pelo New York Times (China approves a fifth Covid-19 vaccine. Sui-Lee Wee), já são cinco vacinas aprovadas pelo país. E sabemos que várias outras estão a caminho. No Brasil, a mais conhecida delas é a CoronaVac, da empresa Sinovac Biotech, que em parceria com o Instituto Butantã (Estado de São Paulo) tem ajudado a imunizar muitos brasileiros.

Essa capacidade de desenvolvimento de novas vacinas para o combate a Covid-19 revela, sobretudo, um avanço significativo na capacidade científica da China, antes vista apenas como um grande fabricante de manufaturas (“a fábrica do mundo”). Dito mais claramente, a China avança não apenas no campo econômico, mas também nos mais diversos domínios da ciência, tecnologia e inovação.

Por isso mesmo, países em desenvolvimento como o Brasil precisam atualizar rapidamente o seu olhar sobre a China, intensificar o diálogo nos mais diversos campos do conhecimento, sondar oportunidades, consolidar parcerias e buscar novas formas de colaboração. Aliás, já temos nessa área de alta tecnologia o Programa CBERS (Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres), um exemplo de cooperação bem-sucedido cujo Protocolo sobre Pesquisa e Produção Conjunta foi assinado, em julho de 1988, por ocasião da visita do então presidente José Sarney à China.

Além da atração de investimentos, compra de maquinários, venda de soja e de minério de ferro, a fase atual do desenvolvimento chinês abre perspectivas antes impensáveis para países como o Brasil avançarem ainda mais na consolidação de um projeto de desenvolvimento que impulsione nossa economia, fortaleça nossa soberania e assegure ao nosso povo condições de vida realmente dignas. Evidentemente, isso exige pró-atividade nas relações e uma visão que transcenda o imediatismos das necessidades comerciais vigentes.

Especificamente no campo das vacinas, alguns passos preliminares já estão sendo dados. Segundo o embaixador da China no Brasil, Paulo Estivallet de Mesquita, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e sua equivalente chinesa já assinaram um Memorando de Entendimento para agilizar a troca de informações e realizar atividades conjuntas. Ainda de acordo com o embaixador, as empresas dos dois países “também têm tido importante colaboração no desenvolvimento de vacinas e na realização de ensaios clínicos, em trabalho que seguirá ao longo de 2021 e, possivelmente, em anos vindouros”. (Há espaço para uma cooperação ainda maior entre Brasil e China, diz embaixador brasileiro. Diário do Povo online, 15/03/2021).

Esses são passos importantes, mas se pode (e deve) avançar ainda mais, principalmente diante de tanto sofrimento e incerteza que vive o nosso Brasil e grande parte da humanidade. A superação da pandemia, assim como a retomada do crescimento econômico, é uma necessidade imperativa. E o desenvolvimento das vacinas chinesas, assim como a capacidade econômica do país, podem nos ajudar a superar mais rapidamente esses dois grandes obstáculos.

Diálogo, cooperação e a solidariedade entre os países e povos são as principais exigências do momento. Somente assim a humanidade poderá superar mais rapidamente esse duro momento histórico.

*José Medeiros da Silva, doutor em Ciência Política, é professor na Universidade de Estudos Internacionais de Zhejiang.  

Fonte: Portal Vermelho

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