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Brasileiro é espancado até a morte por seguranças do Carrefour

Fonte: Diário do Povo Online    23.11.2020 13h23

Homem negro é espancado até a morte em supermercado do grupo Carrefour em Porto Alegre — Foto: Reprodução/Vídeo

O brasileiro João Alberto Silveira Freitas, fazia compras no supermercado Carrefour na quinta-feira (19), em Porto Alegre, no Brasil. Após discussão verbal com funcionários, ele agrediu Giovane, um dos dois seguranças, que o acompanhava até a saída.

Após João desferir um soco em Giovane, ambos os seguranças, partiram para agressões, com golpes principalmente na cabeça. João foi imobilizado e após lamentar sentir dor, um terceiro indivíduo respondeu: “Sem cena, tá? A gente te avisou da outra vez.”

A ação violenta dos seguranças, que trabalham para a empresa Vetor, prestando serviço para o supermercado Carrefour resultou na morte de João Alberto, de 40 anos.

Os seguranças foram identificados como sendo Magno Braz Borges, de 30 anos, e Giovane Gaspar da Silva, de 24 anos.

Magno possui carteira nacional do vigilante, no entanto seus dados não constam vinculados a empresa Vetor, que prestava serviços ao Carrefour. A Polícia Federal (PF) informou que seu registro será suspenso, segundo noticiou o G1.

Giovane é policial militar temporário, no entanto, segundo a Brigada Militar do Rio Grande do Sul ele não poderia atuar como segurança, uma vez que "por lei, é vedado o exercício de qualquer outra atividade remunerada", disse o coronel Rodrigo Mohr Picon ao G1.

A Polícia Federal, lembrou que é necessário ter posse da carteia nacional do vigilante, emitida pela PF, para estar apto a fazer a “abordagem ativa de contenção”.

A morte de João, ocorreu um dia antes do Dia Nacional da Consciência Negra, do Brasil, data criada em 2003 e considerada feriado em aproximadamente 1000 cidades do país latino americano.

João Alberto estava acompanhado por sua namorada, Milena Borges Alves. Ela entrou em contato com o pai da vítima, João Batista, que se digiriu ao local, mas não chegou em tempo hábil para ajudar o filho.

Em entrevista ao Fantástico, João Batista, que é pastor evangélico em Porto Alegre, analisou a agressão como grosseira, e a "força na raiva" como proveniente de “um ato de racismo”.

O momento de refleção sobre a inserção do negro na sociedade brasileira, a cor de pele de João, que é mulato, e a indignação de seu pai, que indicou que sua morte foi motivada pelo racismo, culminaram na campanha "Vidas pretas importam", realizada em todo o território brasileiro.

O Fantástico , programa da Globo, noticiou que João Alberto, também conhecido como "Beto", era violento, tendo 25 passagens pela polícia, que envolviam violência doméstica e ameaças. O programa lembrou ainda que mesmo se ele tivesse cometido qualquer delito no estabelecimento, a Constituição Brasileira lhe garante ampla defesa.

O vice-presidente brasileiro, Hamilton Mourão, questionado sobre o caso por diversas mídias, considera não haver racismo no Brasil, e acredita que seja uma tentativa de importar movimentos do exterior para o Brasil.

O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, não mencionando o incidente, fez um discuros, no sábado (21) na Cúpula do G20, abordando o tema.

Bolsonaro, assim como Mourão, acredita se tratar de uma tentativa de importar tensões alheias a história do Brasil. Ele afirmou que o Brasil “tem uma cultura diversa, única entre as nações, somos um povo miscigenado: brancos, negros e índios edificaram o corpo e o espírito de um povo rico e marvilhoso”. 

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