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Redução da pobreza na China demonstra êxito de seu sistema político, diz especialista brasileiro

Fonte: Xinhua    16.09.2020 14h01

A redução da pobreza na China demonstra o êxito de seu sistema político e a importância da continuidade das políticas estatais, o que deve servir de exemplo aos esforços para a luta contra a pobreza e para a inclusão social na América Latina, avaliou o especialista brasileiro Evandro Menezes de Carvalho, professor de Direito Internacional da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Em em entrevista à Xinhua via e-mail, Menezes de Carvalho ressaltou que um bom governo se caracteriza por sua capacidade de promover a justiça social, o que, por sua vez, tem como condição o fim da pobreza.

"Este é o critério mais alto de bom governo. Portanto, a redução da pobreza na China demonstra o êxito de seu sistema político. Este é um fato indiscutível", afirmou.

"O aspecto central desse êxito é que o governo da China, devido às características institucionais do país, mantém certas políticas estatais que foram aplicadas desde pelo menos o começo da política de reforma e abertura. Não há descontinuidades como se vê frequentemente nas democracias ocidentais", assinalou.

"Além disso, ao contrário do que acreditam as prescrições liberais, a redução da pobreza tem um efeito positivo imediato na economia nacional ao incluir mais pessoas no mercado", acrescentou.

Durante sete anos consecutivos, a China tirou da pobreza mais de 10 milhões de pessoas anualmente. Mais de 93 milhões de habitantes das zonas rurais do país saíram da pobreza absoluta entre 2013 e 2019.

A China fixou a meta de eliminar a pobreza absoluta em 2020 e completar a construção de uma sociedade moderadamente próspera em todos os aspectos.

Apesar do impacto adverso causado pela COVID-19, a China seguiu adiante este ano com os esforços para lutar contra a pobreza.

O acadêmico brasileiro destacou que essa política não se limita à dimensão econômica, posto que, além disso, se adota uma série de medidas para melhorar as condições de vida dessas pessoas através da melhora da infraestrutura das cidades e das regiões em que vivem, e outras iniciativas nas esferas de saúde e educação.

"A redução da pobreza na China é acompanhada por um aumento da classe média do país. A China tem um crescente mercado de consumidores ansiosos por novos e melhores produtos. Nesse sentido, a China tende a importar mais produtos estrangeiros e também é um mercado promissor para as empresas estrangeiras que quiserem investir", acrescentou.

O aumento da infraestrutura do país era a condição para promover o desenvolvimento econômico em várias regiões do país.

"A conexão através de rodovias, ferrovias, tecnologia, etc, criou um dinamismo econômico que gerou novas oportunidades para as pessoas. Além disso, o investimento do governo chinês na educação do povo e na saúde, lhes deu condições para entrar no mercado como uma força de trabalho melhor adaptada aos novos tempos", explicou.

Não se lutou apenas contra a pobreza material, mas também contra a pobreza cultural e a precariedade do bem estar pessoal.

"O atual governo de Xi Jinping tem desempenhado um papel decisivo na obtenção desse objetivo de erradicação da pobreza e, por isso, será um marco na história do país", afirmou.

Para Menezes de Carvalho, não há dúvida de que as experiências da China em matéria de redução da pobreza podem contribuir para os esforços para combater a pobreza na América Latina.

Apesar das diferentes características de cada país, sempre há lições úteis para aprender de cada experiência bem sucedida, destacou o professor da FGV.

"O Brasil já teve uma política de erradicação da pobreza muito eficiente durante os governos de Fernando Henrique Cardoso e Lula. O governo Lula conseguiu tirar o Brasil do mapa da fome da ONU. Hoje, desgraçadamente, corre perigo de voltar", lamentou.

A abertura às experiências de luta contra a pobreza realizada em outros países e, inclusive, em governos anteriores exige uma disposição ao diálogo e é necessário que os governos da América Latina apliquem políticas de inclusão social mais amplas.

"Os problemas sociais da região não se limitam aos relacionados com a pobreza, por exemplo, porque também abrangem o tráfico de drogas e o controle de zonas por parte das milícias paraestatais nas zonas pobres desses países. Esta é uma realidade que a China, felizmente, não conhece", concluiu.

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