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China luta contra Covid-19 usando código QR, mas estão todos a bordo?

Fonte: Diário do Povo Online    09.07.2020 16h27

Em frente a uma mercearia nos arredores de Beijing, várias pessoas idosas - todas usando máscaras – fazem fila, espiando seus telefones.

Não há grandes descontos e eles não estão esperando para obter os mais novos produtos de alta tecnologia. Mas até que eles mostrem aos funcionários da loja seus "códigos de saúde", eles não podem fazer suas compras.

Para aqueles com mais de 60 anos, não é uma tarefa simples. Alguns não conseguem localizar o aplicativo móvel, outros simplesmente não possuem um smartphone capaz de escanear o código QR necessário para fazer o download.

Na luta global contra o novo coronavírus mortal, a China está empregando a mais recente tecnologia para determinar os contatos próximos das pessoas infectadas e reduzir a propagação. Mas parece que nem todo mundo é facilmente incluído.

“Código de saúde” da China

Baseando-se em tecnologia móvel e big data, as autoridades chinesas introduziram em fevereiro um sistema de "código de saúde" baseado em cores - produzido pela Ant Financial, empresa de fintech de propriedade do titã de comércio eletrônico Alibaba - para detectar possíveis contatos com casos confirmados de COVID-19.

Um simples clique em um aplicativo móvel gera automaticamente códigos de resposta coloridos, em verde, amarelo e vermelho - cada um indicando o status de saúde da pessoa nas últimas 24 horas.

"Em vez de preencher os formulários de relatório de saúde, os moradores agora podem mostrar os códigos nos pontos de verificação da comunidade ou da via expressa", observou a Agência de Notícias oficial da China, Xinhua, ao se referir ao serviço.

O aplicativo está disponível como um mini programa via WeChat e Alipay, o principal aplicativo de mensagens instantâneas da China e a principal plataforma de pagamento on-line, respectivamente, uma vez que as autoridades autorizaram um retorno gradual ao trabalho em março.

Desde então, a Covid-19 está amplamente sob controle em todo o país, com cidades e províncias revertendo cuidadosamente suas medidas de bloqueio.

E para ajudar a conter novos surtos, os "códigos de saúde" agora fazem parte da vida cotidiana. Nos cafés, hotéis, shoppings e até na compra de passagens de trem ou avião, as pessoas só podem prosseguir se o código estiver verde.

Não tenho um smartphone

Dados oficiais do governo revelam que, em 25 de junho, havia mais de 29 milhões de inscrições no aplicativo de código de saúde somente em Beijing. Isso representa cerca de 134% da população oficial da cidade.

No entanto, embora o serviço seja conveniente para muitas pessoas, algumas outras, incluindo idosos e crianças pequenas, foram excluídas.

"Por favor, ajude-me. Realmente não sei como o código funciona. Nem sei o que está acontecendo", implorou uma pessoa idosa do lado de fora de uma mercearia, reportou o Beijing Daily.

Preocupações semelhantes foram expressas online, pois os usuários se preocupavam com seus parentes.

"Minha mãe também, com seu telefone patético. O melhor que ela pode fazer é atender chamadas telefônicas", dizia um comentário no Weibo, plataforma de microblog da China semelhante ao Twitter.

Ferramenta de vigilância em massa?

Questões de privacidade sobre o serviço também foram levantadas, com algumas críticas à necessidade de entregar dados e questionamentos quanto a segurança das informações liberadas.

Um funcionário de Beijing insistiu que a coleta de dados pelo aplicativo é somente para fins de controle da pandemia. "Após 24 horas, o banco de dados expirará automaticamente. Estamos automatizando o processo de proteção de informações", disse Pan Feng, vice-diretor da Comissão Municipal de Economia e Tecnologia da Informação de Beijing, em entrevista coletiva em março.

"Estamos minimizando o processo de coleta de dados e (protegendo) a privacidade".

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