A Carta das Nações Unidas “continua sendo a nossa referência para um mundo assolado por uma pandemia, dividido pela discriminação, ameaçado pelas alterações climáticas e assustado pela pobreza, desigualdade e guerra”, disse António Guterres, o secretário-geral da organização.
A Carta da ONU “trouxe regras e esperança a um mundo em ruínas”, afirmou Guterres, durante uma cerimônia virtual na sexta-feira, em comemoração dos 75 anos desde que o texto basilar da organização foi assinado.
A Carta foi assinada em San Francisco, a 26 de junho de 1945, quando a Segunda Guerra Mundial estava prestes a terminar, e entrou em vigor a 24 de outubro de 1945.
Concebida essencialmente a pensar em livrar as futuras gerações do flagelo das guerras, a Carta apela à organização para manter a paz e a segurança internacionais; promover o progresso social e melhores padrões de vida; reforçar a lei internacional e promover os direitos humanos.
Em referência aos acordos multilaterais do pós-guerra, Guterres diz que “compilaram um historial sólido - salvando milhões de vidas, elevando a condição humana e cumprindo a missão essencial de prevenir uma Terceira Guerra Mundial”.
No que concerne à confiança, Guterres refere que “as pessoas continuam a perder a confiança nos poderes políticos estabelecidos”.
“As marchas de hoje contra o racismo foram precedidas de protestos contra a desigualdade, descriminação, corrupção e falta de oportunidades em todo o mundo - problemas que precisam ainda ser resolvidos, com a inclusão de um novo contrato social”, disse.
Relembrando o que os fundadores da ONU fizeram há 75 anos, Guterres disse que os delegados em San Francisco em 1945, “tendo vivido uma pandemia global, a depressão e a guerra, aproveitaram a oportunidade para plantar as sementes de algo melhor e novo”.
“Hoje, temos de fazer o mesmo”, reiterou.
O líder da ONU encorajou a comunidade internacional a avançar, demonstrando “heroísmo e solidariedade” na luta contra a pandemia, em concordância com objetivos de desenvolvimento sustentável, baseados na “igualdade, ação climática e economia verde”.
Os signatários da Carta “ousaram imaginar um mundo melhor definido pela paz e pela igualdade”, disse o presidente da Assembleia Geral, Tijjani Muhammad-Bande.
“Enquanto trabalhamos em prol do futuro que queremos, da ONU que queremos, temos de estar focados nos resultados”, asseverou. “Agora, mais do que nunca, precisamos de um sistema de desenvolvimento sólido e eficiente de colaboração entre a ONU e as instituições financeiras globais”.
“Há 75 anos, hoje, a Carta da ONU foi assinada em San Francisco”, disse Rosemary Dicarlo, chefe para a política e construção da paz da ONU. “Uma declaração de unidade de objetivos depois da destruição da Segunda Guerra, traçou a nossa missão: ‘salvar as próximas gerações do flagelo da guerra’, e é isso que nos norteia até hoje”, concluiu.
