Funcionários e acadêmicos do mundo inteiro destacam falta de evidências sobre a origem da Covid-19

Fonte: Xinhua    11.05.2020 15h03

Beijing, 11 mai (Xinhua) -- Funcionários de governos e acadêmicos de todo o mundo enfatizaram recentemente que não há evidências científicas para apoiar as repetidas alegações de Washington de que o novo coronavírus saiu de um laboratório de pesquisa ou de um mercado úmido na cidade chinesa de Wuhan.

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, falou no domingo sobre "evidências significativas" sobre a origem do vírus ter sido em Wuhan. No entanto, ele não especificou quais são as evidências nem apresentou nenhuma prova concreta para validar suas alegações.

A origem do novo coronavírus por trás da pandemia da Covid-19 permanece pouco clara, de acordo com o general do Exército Mark Milley, presidente do Estado-Maior Conjunto dos Estados Unidos.

"Saiu do laboratório de virologia em Wuhan, ocorreu no mercado úmido de Wuhan ou em algum outro lugar? Não sabemos a resposta", disse Milley em uma entrevista coletiva na semana passada.

O mais alto especialista em doenças infecciosas e funcionário de saúde dos EUA, Anthony Fauci, esclareceu que as evidências científicas atuais mostram que é altamente improvável que o vírus tenha sido manipulado por humanos.

"Se você observar a evolução do vírus nos morcegos e o que está por aí agora, (as evidências científicas) estão muito, muito fortemente inclinadas que isso não poderia ter sido artificial ou deliberadamente manipulado", ressaltou ele em uma entrevista publicada na última segunda-feira pela National Geographic.

O vírus "evoluiu na natureza e depois pulou entre espécies", com "tudo sobre a evolução gradual ao longo do tempo" fortemente indicado, disse Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas.

Durante uma audiência no senado na terça-feira, o representante republicano John Ratcliffe não respondeu às perguntas sobre as origens do vírus alegadas pelo presidente norte-americano, Donald Trump, que o nomeou como diretor da inteligência nacional, a máxima agência de espionagem do país.

Segundo a CNN, quando o senador Angus King perguntou a Ratcliffe se ele tinha visto evidências de que o vírus se originou de um laboratório, ele disse que não. Quando o senador Tom Cotton perguntou a Ratcliffe se ele tinha visto evidências de que o vírus se original de um mercado de Wuhan, ele disse que não.

A Comunidade de Inteligência (IC, em inglês) dos EUA concordou com o amplo consenso científico de que o vírus da Covid-19 não foi criado pelo homem ou geneticamente modificado, de acordo com uma declaração do Escritório do Diretor de Inteligência Nacional há duas semanas.

"A IC continuará examinando rigorosamente as informações e inteligência emergentes para determinar se o surto começou através do contato com animais infectados ou se foi o resultado de um acidente em um laboratório em Wuhan."

Por outro lado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) assinalou que a alegação do governo de Trump sobre a origem do vírus permanece "especulativa", pois a organização não recebeu nenhum dado ou evidência específica do lado norte-americano.

"Se esses dados e evidências estiveram disponíveis, o governo dos Estados Unidos decidirá se e quando podem ser compartilhados, mas é difícil para a OMS operar no vácuo de informações a esse respeito", disse Michael Ryan, diretor do programa de emergências de saúde da OMS, em uma entrevista coletiva virtual na segunda-feira passada.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse à CNBC na terça-feira que, sem provas, as acusações dos EUA sobre a China pela origem do vírus eram graves e erradas, porque o governo dos EUA não apresentou nenhuma prova.

"Consideramos que não é um momento adequado, no meio de uma crise severa, uma crise sem precedentes, tentar culpar a organização internacional de saúde (OMS) ou, no dia seguinte, na China", apontou Peskov.

A Grã-Bretanha também viu poucas evidências de que o coronavírus é artificial, segundo a Reuters, citando o ministro da Saúde britânico, Matt Hancock.

O novo coronavírus se espalhou amplamente pelo mundo inteiro desde o final de 2019 e o único "Paciente Zero" está ausente na maioria dos países, mostrou o mais recente estudo do Instituto de Genética da University College London (UCL, em inglês).

"Os resultados aumentaram muito as evidências de que os vírus SARS-CoV-2 (novo coronavírus) compartilham um ancestral comum do final de 2019, sugerindo que foi quando o vírus saltou de um hospedeiro animal anterior para as pessoas", disse a universidade em um comunicado na quarta-feira.

"Isso significa que é muito improvável que o vírus que causa a Covid-19 tenha estado em circulação humana por muito tempo antes de ser detectado pela primeira vez."

(Web editor: Fátima Fu, Renato Lu)

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