Opinião: mudança da postura de Trump é essencial para as relações sino-americanas

Fonte: Diário do Povo Online    26.03.2020 09h52

O presidente Donald Trump alterou a sua narrativa. O presidente americano afirmou que iria parar com o uso do termo “vírus chinês” e decidiu que “não devemos dar mais atenção a isso”, durante uma entrevista com a Fox News na terça-feira. Esta mudança tem um significado positivo. Esperamos que Trump possa convencer outros oficiais americanos a fazer o mesmo e a deixar de usar termos racistas como “vírus chinês” ou “vírus de Wuhan”.

A China e os EUA têm estado envolvidos em uma guerra de palavras recentemente, sendo que a culpa deve ser atribuída aos EUA. Se a mudança de Donald Trump puder levar os oficiais americanos a reduzir seus ataques verbais à China, é de esperar que os homólogos chineses respondam positivamente.

A pandemia do novo coronavírus está se espalhando por todo o mundo. A comunidade internacional deseja que a China e os EUA ponham de parte as disputas e deem as mãos para lutar contra esta ameaça. Se as duas potências conseguem passar da discórdia à cooperação, com certeza serão capazes de inspirar a comunidade internacional e agir em benefício próprio.

Porém receamos que o ajuste de Trump possa ser uma tática temporária. É do conhecimento geral que o seu uso repetido do termo “vírus chinês” ricocheteou nos EUA. Não só os democratas, mas também toda a opinião pública dos EUA criticaram o presidente. Os asiáticos americanos nos EUA estão particularmente irritados devido à corrente de xenofobia causada por Donald Trump.

Estas reações exercem uma pressão substancial sobre as perspetivas de reeleição do atual presidente. Enquanto isso, os EUA arriscam-se agora a se tornar o novo epicentro da pandemia do novo coronavírus, com a situação doméstica a piorar de dia para dia. Intensificação de conflitos com a China nesta altura causaria mais danos do que benefícios aos EUA. Os Estados Unidos, atravessam uma necessidade crítica de materiais médicos como máscaras e ventiladores, produtos em que a China é um dos principais fornecedores. Isto aumentou também a pressão sobre Washington.

Deste modo, preocupações de que esta alteração de postura de Trump seja temporária não são injustificadas. No entanto, é uma ação positiva de Washington perante o impasse atual entre os dois países. Nós somos recetivos a qualquer alteração por parte dos EUA que possa ajudar a aliviar as fricções entre os dois países, e esperamos que Washington possa incorrer em esforços para reduzir as tensões bilaterais.

Independentemente da perspetiva, a cooperação entre China e os EUA para combater a pandemia é do interesse dos americanos. O novo coronavírus é um inimigo comum que as pessoas não conhecem bem. Nenhum país pode vencer a luta contra o vírus sozinho. A cooperação sino-americana irá certamente ser mutuamente benéfica e alinhada com os interesses de todos. Os seus ganhos serão vulgarizados pelas perdas se Washington recorrer ao conflito com a China na luta contra a epidemia.

A China controlou a situação, enquanto que os EUA estão se tornando o novo epicentro. A província chinesa de Hubei levantou a quarentena na quarta-feira e o mesmo acontecerá à sua capital de Wuhan em duas semanas, mas os EUA estão apenas começando suas restrições. Nesta altura, se Washington continuar a intensificar as tensões com a China e a criar obstáculos à cooperação, apenas irá piorar o seu clima político doméstico.

Uma cúpula especial do G20 sobre o Covid-19 será realizada na quinta-feira e deverá levantar medidas para combater em conjunto a propagação do novo coronavírus. Enquanto duas maiores potências mundiais, a China e os EUA devem permanecer juntos para inspirar outros países, coordenar assistência internacional, cooperar em uma vacina e em desenvolvimento de medicamentos. Esta é a obrigação que devem assumir para suas sociedades e para a comunidade internacional.

(Web editor: Renato Lu, editor)

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