Brasil tem que seguir com as reformas para consolidar seu crescimento econômico, segundo analistas

Fonte: Xinhua    05.03.2020 13h14

Rio de Janeiro, 4 mar (Xinhua) -- O Brasil necessita seguir com sua agenda de reformas econômicas para obter um crescimento consistente do Produto Interno Bruto (PIB), explicaram analistas do setor à Xinhua depois que o governo divulgou nesta quarta-feira que a economia do país cresceu apenas 1,1% em 2019.

O resultado significou o terceiro ano seguido de crescimento, deixando para trás a crise econômica vivida entre 2015 e 2016, a pior da história do Brasil, quando o PIB se contraiu em quase 7 pontos, embora tenha registrado em 2019 o menor crescimento dos últimos três anos, inferior ao 1,3% de 2017 e 2018.

Para o economista da consultoria MB, Sérgio Vale, o crescimento do PIB brasileiro em 2019 "é um resultado dentro do previsto, embora seja um número muito frágil. A parte otimista é que o quarto trimestre foi positivo, algo que entendo como um sinal, porque apesar dos maus indicadores prévios que havia, no computo geral foi bom. Poderíamos dizer que 2019 começou mal economicamente para o Brasil, mas terminou em alta".

Não obstante, o especialista considera que em 2020, o país pode ser afetado pelo impacto do coronavírus. "Esperamos para este ano um primeiro semestre mais fraco por causa do coronavírus, mas acredito que será um resultado melhor que o do ano passado, próximo aos 2%."

Vale ressaltou a necessidade de que o governo siga com sua política de reformas para obter um crescimento econômico mais robusto.

"O Brasil cresce menos que os países vizinhos e que a maioria dos emergentes e menos também do que a média mundial, porque gasta muito dinheiro, o gasto fiscal é muito grande, se gasta mais do que se arrecada", comentou.

Segundo Vale, "o Brasil deve parar de fazer políticas de curto prazo, há que reforçar o momento de crise mundial para acelerar as grandes reformas que faltam por fazer, como a reforma tributária e a PEC emergencial (que permitirá reduzir a carga horária dos funcionários públicos e os seus salários). Se o governo conseguir aprová-las no Congresso, será um grande passo adiante", afirmou.

Por sua vez, Marcelo Caparroz, economista da consultoria RC, também ressaltou que o Brasil necessita aprovar mais reformas para conseguir uma retomada econômica consistente nos próximos anos.

"É necessário seguir com a agenda de reformas para que o país consiga ter um PIB potencial muito mais alto", explicou.

Segundo ele, "a economia brasileira está em uma recuperação gradual. Quando falamos de crescimento, todos buscamos saber qual é a velocidade, a intensidade dessa recuperação, e principalmente nesse contexto, com um ambiente externo devido ao coronavírus".

Caparroz ressaltou que "há que separar o setor doméstico e o externo para analisar o resultado do PIB do ano passado. Podemos ver que o externo freou o crescimento econômico. Estamos importando mais, porém temos mais dificuldades para exportar, principalmente devido a crise que vive a Argentina, um dos nossos principais parceiros comerciais".

Para o economista da RC, "o Brasil tem que olhar já para este 2020, um ano em que tudo da a entender que cresceremos menos do que os 2,5% previstos inicialmente. As previsões indicam agora mesmo um crescimento de 2%, que será um grande número, mas continuará sendo inferior à média mundial e a dos países vizinhos. Há que fazer as reformas em casa e melhorar a produtividade".

Para Caparroz, o país necessita atrair mais investimentos para ter um crescimento econômico maior.

"Em 2019, os investimentos foram muito baixos, embora melhores do que em 2018, com uma taxa de investimento de 15,4%. Para uma economia que quer crescer entre 3 e 4%, o ideal seria ter uma taxa por volta dos 25%", concluiu.

(Web editor: Fátima Fu, Renato Lu)

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