Um relatório recente sobre os testes nucleares levados a cabo há décadas nas Ilhas Marshall levantou acesas discussões na comunidade internacional, pois demonstram ser catastróficos para o país insular.
De acordo com o Los Angeles Times, os EUA levaram a cabo vários testes nucleares nas Ilhas Marshall entre 1946 e 1958, e mantiveram informações-chave sobre os resultados das radiações.
À medida que o clima muda, a redoma de concreto onde os resíduos nucleares foram deixados rachou, levando a um risco aumentado de fuga de materiais radioativos. Oficiais das Ilhas Marshall fizeram pressão junto do governo americano para apoio, mas não obtiveram resposta positiva.
Um meio de imprensa estadunidense reportou que os EUA detonaram 67 bombas nucleares nas Ilhas Marshall, as quais vaporizaram ilhas inteiras e exilaram centenas de pessoas de suas casas.
“Naquela altura, alguns habitantes estavam começando a sofrer de envenenamento por exposição à radiação - queda de cabelo, pele queimada e vómitos”, refere o Los Angeles Times.
Após os testes, as autoridades dos EUA enterraram o plutónio e outros resíduos em uma cratera provocada pela explosão na ilha, encapsulando-os com recurso a cimento.
De acordo com o Los Angeles Times, os EUA transportaram também 130 toneladas de solo exposto a outros testes, em Nevada, para as Ilhas Marshall, o qual nunca foi relatado anteriormente.
Em julho de 2019, uma equipa da Universidade de Columbia detetou níveis elevados de radiação em partes das Ilhas Marshall, superiores aos detetados em Chernobyl e Fukushima.
Os especialistas referem que embora os efeitos da radiação possam variar de pessoa para pessoa, é perigoso para os residentes locais.
“As explosões nucleares lançaram muita energia, e os perigos para os residentes lovais e criaturas advêm princpalmente da radiação instantânea ou de ondas de choque e partículas, juntamente com a poluição radioativa de longo prazo que se segue”, disse Wu Yican, diretor do Instituto de Tecnologia de Segurança de Energia Nuclear da Academia Chinesa de Ciências.
Wu disse ao Diário do Povo Online que a explosão da maior bomba de hidrogénio dos 67 testes nucleares realizados pelos EUA nas Ilhas Marshall foi de 15 milhões de toneladas, mais de 1,000 vezes a potência da bomba de Hiroshima.
“Assim que houver fuga de materiais radioativos, eles podem dispersar-se pelas águas adjacentes ou lagoas, forçando uma vez mais os locais a abandonarem suas casas. Além disso, poluição marinha severa causada pela fuga irá ameaçar a bio-segurança nas regiões circundantes do Pacífico”, frisou Wu.
Durante décadas, os marshalinos expressaram sua preocupação com o aterro, mas os EUA defendem que ele se encontra em território marshalino e, como tal, é da responsabilidade do governo local.
Um tribunal, estabelecido pelos dois países em 1988, concluiu que os EUA devem pagar $2,3 bilhões em indemnizações, mas o Congresso e tribunais americanos recusaram-se a fazê-lo. Documentos comprovam que os EUA pagaram apenas 4 milhões.
Sob condições normais, a realização de testes nucleares em uma região onde um país está consciente da existência de seres humanos, não é diferente de largar uma bomba atómica em Hiroshima ou Nagazaki, afirma Zhu Li, vice-diretor executivo do gabinete de proteção contra a radiação da Universidade Tsinghua, em entrevista ao Diário do Povo Online.