Comentário: Intervenções militares unilaterais não são populares

Fonte: Diário do Povo Online    06.01.2020 10h40

A China defende que, nas relações internacionais, todas as partes devem respeitar estritamente a Carta da ONU e, como tal, a soberania e integridade territorial iraquianas devem ser respeitadas, por forma a manter a paz e estabilidade na região do Oriente Médio.

Cada país tem a responsabilidade de manter a paz e segurança internacionais. Qualquer ato de força abusivo ou ação militar arriscada é inaceitável no contexto internacional. No presente, o mundo está preocupado com as consequências do lançamento de um ataque de míssil dos EUA sobre o Aeroporto Internacional de Bagdad, a 3 de janeiro, e com o aumento incisivo do risco de conflito militar entre os EUA e o Irã, acrescentando novas variáveis à já complexa e difícil conjuntura do Oriente Médio.

Face a problemas difíceis, temos de manter uma posição objetiva e justa, seguindo os princípios da igualdade e justiça, por forma a encontrar uma solução para o problema. A China defende que todas as partes devem se reger pelos princípios da Carta da ONU e pelas normas básicas das relações internacionais. A soberania e integridade territorial do Iraque devem ser respeitadas e a paz e estabilidade no Oriente Médio salvaguardadas.

A voz da justiça da comunidade internacional representa a força para a preservação da paz e estabilidade. “A Rússia opõe-se ao desrespeito brutal sobre a soberania de outros países, especialmente sob a forma de ação militar unilateral”. “A França opõe-se ao uso da força nas relações internacionais”, “Os EUA são responsáveis pela instabilidade no Iraque e a política norte-americana visa criar tensão na região”... a comunidade internacional expressou a sua voz contra o uso unilateral de força militar por parte dos EUA.

A insatisfação entre o povo estadunidense foi também estimulada através de marchas contra a guerra decorridas em Washington, Chicago e outras cidades, a 4 de janeiro, onde as pessoas gritaram “Não à guerra, não às sanções contra o Irã!”, “Os EUA têm de retirar as tropas do Iraque”, entre outros slogans. Uma sondagem anterior pela Chicago Board of Global Affairs revela que praticamente metade dos americanos acreditam que a intervenção militar torna o país mais inseguro, revelando que a intervenção militar unilateral é impopular.

A resolução do conflito entre os EUA e o Irão não pode ser alcançada pela via militar ou da pressão extrema. Desde que os EUA abandonaram unilateralmente o acordo nuclear iraniano e repuseram sanções sobre o país, as relações bilaterais têm vindo a se deteriorar. Especialmente desde maio do ano passado, quando os EUA aumentaram a pressão sobre o país.

O acordo integral sobre a questão nuclear iraniana foi um sucesso importante de diplomacia multilateral, materializando os esforços de todas as partes envolvidas, e representando um apoio importante para a manutenção da paz e estabilidade no Oriente Médio. Todos os intervenientes devem agora comunicar para prevenir que o ataque afete a implementação do acordo integral sobre a questão nuclear iraniana. Apenas através da promoção de soluções pacíficas, recorrendo a meios políticos, é possível prevenir um ciclo vicioso de violência. Apenas pela via da promoção do diálogo e da cooperação com um espírito inclusivo é possível encontrar soluções duradouras para resolver tais contradições.

“Vivemos uma altura em que líderes de vários países têm de exercer contenção máxima. O mundo não pode enfrentar uma nova Guerra do Golfo”, adverte Farhan Huck, porta-voz do secretário-geral António Guterres.

Deve ser ressaltado que qualquer ação que exacerbe as tensões e a instabilidade na região do Oriente Médio refletir-se-á em desastres sem fim. São disso exemplos a guerra despoletada no Iraque em 2003, e os tumultos na Ásia Ocidental e norte de África em 2011. Os fatos provaram repetidamente que o uso unilateral da força não resolve problemas, sendo contraproducente e originando ciclos viciosos de confronto difíceis de reparar.

(Web editor: Renato Lu, editor)

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