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Cônsul-geral português em Macau: Aproveitar o papel de Macau como plataforma e aprofundar ainda mais a cooperação nos diversos domínios

Fonte: Xinhua    06.12.2019 09h21

Por Qi Yue, correspondente da Xinhua

(Foto:Lu Yang/Diário do Povo Online)

Macau, 5 dez (Xinhua) -- "Macau sempre funcionou como um elo de ligação entre Portugal e a China e como uma porta de entrada no Oriente. Nesta medida, Macau assume um papel de catalisador nas relações bilaterais nos mais diversos domínios, desde o político ao comercial, do cultural ao da educação", afirmou Paulo Cunha Alves, cônsul-geral de Portugal em Macau, ao conceder uma entrevista exclusiva à Xinhua.

Macau e os países de língua portuguesa têm séculos de estreitas relações históricas e culturais e a região tem um sistema oficial de bilinguismo em chinês e português, dando assim para a região uma vantagem espetacular em ligar a China e os países de língua portuguesa.

O Fórum para a Cooperação Econômica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Macau), conhecido como "Fórum de Macau", foi criado em outubro de 2003 na Região Administrativa Especial de Macau (RAEM), e tem como objetivo a consolidação do intercâmbio econômico e comercial entre a China e os países de língua portuguesa.

"As principais vantagens que Macau tem têm a ver com a concentração de esforços e meios numa plataforma única que é o Fórum de Macau", apontou o cônsul-geral, acrescentando que este papel de Macau como plataforma de ligação entre a China e os países de língua portuguesa designado pelo governo chinês atribui à região uma importância especial pela sua singularidade no contexto mundial.

Para Alves, independentemente do desenvolvimento da relação bilateral da China com cada um dos países que integram o fórum, Macau pode assumir um papel de coordenação através do qual são desenvolvidos projetos de cooperação multilaterais, aproveitando as vantagens de cada um dos membros.

Ele deu como exemplo um projeto de cooperação com Cabo Verde, no qual Portugal participa como elementos técnicos e a China com meios de financiamento ao abrigo do Fundo de Cooperação e Desenvolvimento entre a China e os Países de Língua Portuguesa.

Em 2018, o comércio bilateral entre a China e os países de língua portuguesa atingiu US$ 147,35 bilhões, um aumento de 25,31% em relação ao ano anterior, dos quais a China importou US$105,51 bilhões dos países lusófonos, um aumento de 30,24% em termos anuais, enquanto o valor total de comércio entre Macau e os países de língua portuguesa registrou um salto anual de 25%, de acordo com as estatísticas oficiais.

"Apoiamos junto com a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal as empresas portuguesas que querem vir para Macau fazer negócios ou investir, assim como apoiamos as empresas de Macau e da parte continental da China que estão aqui, que pedem informações sobre como investir em Portugal e quais são as áreas prioritárias", explicou Alves.

Ele também expressou a esperança de ver mais ações de formação e treino que têm lugar em Macau e também nas capitais dos países lusófonos, e visitas de promoção da cooperação econômica e comercial entre os membros do fórum e as diversas províncias chinesas.

"As relações entre Portugal e a China estão num ponto alto", destacou Alves, adiantando que as relações são muito positivas com frutos nos mais variados domínios do relacionamento bilateral.

"Ainda há muitas coisas para fazer para estreitar a cooperação entre Portugal e RAEM", salientou. Entre as áreas potenciais e emergentes, Alves destacou a de finanças, turismo, cultura e intercâmbio interpessoal.

"O intercâmbio interpessoal é uma área que damos muita atenção. Macau está construindo uma Base de Formação de Talentos Bilíngues Chinês e Português, apoiaremos os contatos entre as universidades da RAEM e de Portugal, de modo que haja não só estudantes de Macau a irem para Portugal para aprofundar os conhecimentos do português, mas também estudar outra matérias", disse.

Na área de medicina chinesa, as escolas de medicina da Universidade de Lisboa e da Universidade do Porto e da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau assinaram um memorando de entendimento este ano. Elas realizarão uma cooperação profunda em pesquisa científica, atividades acadêmicas, treinamento de talentos e visitas mútuas, além de dar aulas on-line, informou Alves.

Em relação ao turismo, ele disse que há uma boa colaboração entre o Instituto de Formação Turística de Macau e as entidades homólogas portuguesas, salientando que é fundamental não apenas criar profissionais neste domínio, como também promover um maior fluxo de turismo entre Portugal e a RAEM.

No ano que marca o 20º aniversário do retorno de Macau à pátria, Alves disse que o governo português tem acompanhado de perto o desenvolvimento no terreno e observa que o princípio "um país, dois sistemas" tem sido bem aplicado em Macau e gerou bons resultados.

"A fusão da cultura portuguesa e chinesa faz com que nasça aqui uma sociedade multicultural, com arquitetura e gastronomia próprias de Macau, e dando para a região um charme especial", destacou Alves.

Nos últimos 20 anos, Macau alcançou um desenvolvimento notável nos mais diversos domínios, do econômico ao social, do cultural ao institucional, com melhoria do nível de vida dos residentes, observou Alves, acrescentando que a participação de Macau na Iniciativa do Cinturão e Rota, e sua integração no projeto da Grande Área da Baía Guangdong-Hong Kong-Macau trarão à região inúmeras oportunidades e diversificação de sua economia, bem como benefícios recíprocos para todas as partes.

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