Pela ocasião da visita de Estado à Grécia, o presidente chinês, Xi Jinping, divulgou no diário grego Kathimerini um artigo intitulado “Deixe a sabedoria das antigas civilizações iluminar o futuro”.
Segue o texto completo:
Deixe a Sabedoria das Antigas Civilizações Iluminar o Futuro
Xi Jinping
Presidente da República Popular da China
É com grande alegria que faço uma visita de Estado à bela Grécia, a convite do presidente Prokopis Pavlopoulos. Em 2014, fiz uma escala em Rodes e fiquei profundamente impressionado com a civilização antiga e o povo talentoso e trabalhador da Grécia. É com grande respeito pelas civilizações e com grandes expectativas pelo futuro que voltarei a visitar este belo país, algo que desejo muito.
As grandes civilizações têm muito em comum para oferecer uma à outra. Mais de 2.000 anos atrás, as antigas civilizações chinesa e grega brilhavam intensamente na Ásia e na Europa. A era dourada grega produziu muitos grandes filósofos e literários. Isso coincidiu com um período na China em que "cem escolas de pensamento se enfrentaram". Nikos Kazantzakis, um grande literário grego que visitou a China duas vezes, comentou que "Confúcio e Sócrates eram duas máscaras que cobriam a mesma face da lógica humana". O humanismo, que tem sua origem nos Sofistas da Grécia antiga, ressoa com o pensamento confucionista de que "as pessoas são as raízes de um país". Também se pode encontrar muita semelhança entre o estilo de vida e a filosofia de Diógenes e Chuang Tzu, um importante filósofo taoísta que viveu por volta do século IV a.C. na China.
As grandes civilizações se entendem melhor. Já no século IV a.C., a China era conhecida pelos gregos por um nome bonito: Sērikḗ (país da seda). No século XVI, Os Elementos de Euclides foram introduzidos na China, abrindo caminho para o intercâmbio científico entre a China e o Ocidente. A história de Prometeu narrada por Ésquilo foi uma inspiração para muitos revolucionários chineses. A República de Platão e Política de Aristóteles também estão entre os clássicos gregos que há muito se destacam na China.
As grandes civilizações sempre se apoiam. Após a fundação da República Popular da China em 1949, os navios gregos estavam entre os primeiros a romper o bloqueio e enviar suprimentos e equipamentos necessários à Nova China. Quando a Grécia enfrentou problemas econômicos e de dívida, a China prestou assistência sincera para ajudar nossos amigos gregos a superar as dificuldades. Quando o conflito e a guerra começaram na Líbia em fevereiro de 2011, os hoteleiros de Creta, embora no recesso de inverno, ofereceram acomodação a milhares de cidadãos chineses retirados da Líbia. Por mais de sessenta anos, a Associação Grécia-China está comprometida em promover intercâmbios amigáveis entre as nossas duas nações. O falecido Prof. Luo Niansheng, renomado estudioso e tradutor chinês, é lembrado por sua dedicação ao longo da vida à tradução e pesquisa da literatura grega e por sua importante contribuição para promover nossa amizade, um legado continuado por seu filho e neta.
Desde o estabelecimento das relações diplomáticas em 1972, sobretudo a criação da parceria estratégica abrangente em 2006, a China e a Grécia sempre se trataram com respeito e confiança e desenvolveram o relacionamento com perspectiva estratégica e de longo prazo. Buscamos a cooperação de benefício e alcançamos resultados frutíferos na cooperação comercial, de investimento e infraestrutura. Trabalhamos juntos para transformar o Pireu no maior porto do Mediterrâneo. Aprendemos um com outro através de trocas culturais e mostramos ao mundo a harmonia das duas grandes civilizações. O progresso das relações China-Grécia é uma reflexão de que civilizações antigas são capazes de desenvolver cooperações dinâmicas de benefício mútuo nos tempos modernos.