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Erudito brasileiro: A liderança do Partido Comunista da China é a característica mais essencial do sucesso chinês

Fonte: Diário do Povo Online    05.11.2019 09h52

Gaio Doria

Gaio Doria profere um discurso na cerimônia de lançamento do livro Xi Jinping: A Governança da China em São Paulo

No dia 29 de outubro de 2019, foi realizada no Palácio dos Bandeirantes – sede do governo estadual, em São Paulo, no Brasil, a cerimônia de lançamento do livro Xi Jinping: A Governança da China (volume 1 e 2) na versão português do Brasil. A nova edição é fruto de uma colaboração entre a editora contraponto e a editora de línguas estrangeiras e estará disponível para venda em todas as principais livrarias do país.

O evento contou com a participação de personalidades públicas como Liang Yanshun, vice-chefe do Departamento de Comunicação do Comitê Central do Partido Comunista da China (PCCh); Chen Peijie, cônsul-geral da China em São Paulo; e João Doria, governador do estado de São Paulo. Divido em duas partes, na primeira aconteceu o lançamento oficial do livro onde as personalidades públicas discursaram, na segunda realizou-se um seminário onde os palestrantes dissertaram sobre a importância do lançamento da obra no Brasil e seus possíveis desdobramentos.

Eu, como um dos convidados a falar, busquei ressaltar que, tirando a tradução de alguns textos das obras selecionadas de Jiang Zemin publicados em 2002 pela editora Record sob o título Reforma e Construção da China, é a primeira vez desde o lançamento dos cinco volumes das Obras Escolhidas de Mao Zedong que a integra da seleção de textos de um dirigente chinês é publicado em língua portuguesa e distribuído em escala comercial.

A publicação destes dois volumes segue uma longa tradição comunista onde os secretários gerais de Partidos Comunistas propõem inovações no quadro teórico do Partido que sejam capazes de sintetizar os avanços conquistados, de identificar os desafios a serem enfrentados e que entendam as novas dinâmicas dos tempos. É a continuação da máxima leninista: “Sem teoria revolucionária não pode haver movimento revolucionário” que traduzida e atualizada para o contexto atual seria: Sem sistematização teórica acurada, não é possível alcançar uma prática bem-sucedida.

No caso chinês, a organização política governante se orienta pelo Marxismo e toma este como referencial teórica para a formulação de sistematizações dentro da realidade chinesa. É por isso que o Partido Comunista da China em sua constituição se define como um partido marxista-leninista, fiel aos princípios científicos do marxismo e engajado em sua aclimatação teórico-prática no contexto chinês. Assim, o Partido Comunista da China usa o Marxismo-Leninismo, o Pensamento de Mao Zedong, a teoria de Deng Xiaoping, o importante pensamento das Três Representações, o conceito de desenvolvimento científico e o Pensamento de Xi Jinping sobre o Socialismo com características chinesas na Nova Era, como teorias orientadoras de ações práticas que produzem resultados concretos. Este é o segredo do sucesso chinês: uma força política coesa e teoricamente avançada.

Foram estes constantes desenvolvimentos no sistema teórico do Partido que permitiram a conquista do apoio do povo chinês e a capacidade de formular princípios e políticas corretas com o intuito de realizar os interesses fundamentais do país – desenvolvimento e soberania. Cada geração de direção coletiva do Partido Comunista da China foi capaz de superar os desafios de seu tempo através do desenvolvimento constante entre teoria e prática. Portanto, é sem surpresa que os dois volumes da obra de Xi Jinping expressam o que há de mais avançado no desenvolvimento do socialismo com características chinesas.

Além disso, no curso destes 70 anos, as realizações da República Popular da China não mudaram apenas a China, mas também o mundo. A liderança do Partido Comunista da China é a característica mais essencial do sucesso chinês. Por meio do sistema de congressos populares, a linha do partido, seus princípios, suas políticas, são implementados efetivamente no processo de desenvolvimento do país. Como um maestro de uma orquestra, o Partido Comunista da China garante que os órgãos de poder sejam proativos, independentes, responsáveis e coordenados de acordo com a Constituição da República e a linha do Partido. E onde podemos aprender a linha do Partido? Nos dois volumes de a Governança da China.

Os comunistas chineses aprenderam as duras lições extraídas do colapso do bloco socialista no final do século XX. O abandono do Marxismo como teoria norteadora e o descuido da educação ideológica corroeram o socialismo por dentro até sua derrota final. Neste sentido, os dois volumes da Governança da China cumprem a missão de resgatar essas lições e atualizá-las para os debates contemporâneos. No plano político discute-se o desenvolvimento do socialismo com características chinesas, a construção do estado de direito socialista, o avanço da democracia socialista, e o aprimoramento da liderança do Partido na sociedade, entrou outros aspectos. No plano internacional, destacam-se os pilares da iniciativa do Um Cinturão Uma Rota, o conceito de desenvolvimento pacífico e cooperação ganha-ganha e a construção de uma comunidade de futuro compartilhado para a Humanidade.

Em suma, nos dois volumes de a Governança da China, agora lançados e disponíveis no Brasil, é possível encontrar todas as principais dimensões – atualizadas - dos debates que pautam a sociedade chinesa. O amplo espectro de temas abordados no volume torna a leitura agradável e fluída. Bem estruturado, os textos estão separados por temas e com notas explicativas para agradar estudiosos iniciantes e avançados. Não há dúvidas de que a leitura desta obra é imprescindível para entender a história e os desenvolvimentos da República Popular da China. 

(Gaio Doria é um especialista na questão da China e doutorado da Universidade Renmin da China)

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