Por Zhang Yuxi, Li Na, Liu Xin e Zhang Deli, Diário do Povo, traduzido por Mauro Marques
Partindo do zero, a China tornou-se ao longo das últimas décadas no país com a maior extensão de linhas ferroviárias de alta velocidade do mundo, alcançando recordes de circulação de 420km/h.
Outrora o aluno aplicado, no espaço de sensivelmente 70 anos, a China passou a ser uma autoridade internacional no domínio, oferecendo treinamento a outras nações espalhadas pelo globo, como ocorre, por exemplo, com a Indonésia, Paquistão, Rússia e Hungria.
Em 2016, a China assumiu o compromisso de aumentar a escala dos seus caminhos-de-ferro até aos 150,000km até 2020, 30,000 dos quais de alta velocidade. A meta do país passa por formar uma rede de alta velocidade de “quatro eixos verticais e quatro eixos horizontais”, interligando todo o país.
“O desenvolvimento da rede de alta velocidade da China é o resultado dos sonhos de diversas gerações”, afirmou Sun Shuli, vice-gerente geral e engenheiro-chefe da China Railway Design Group Co., Ltd., em referência à evolução rompante do país no setor ferroviário desde 2003, quando a primeira linha de alta-velocidade do género surgiu, entre Qinhuangdao e Shenyang, nas províncias de Hebei e Liaoning, respetivamente.
Em 2005 dá-se a ligação entre Beijing e Tianjin, com uma velocidade de circulação de 350km/h e, finalmente, entre Beijing e Shanghai, em 2011 – o maior trajeto de alta velocidade do mundo à data.
A qualidade dos trens foi entretanto posta à prova com o inusitado “teste da moeda na vertical”, efetuado por chineses e estrangeiros para aferir a estabilidade dos trens. Sucintamente, o teste consiste em colocar uma moeda na vertical em uma das superfícies dos trens para verificar se esta mantém a estabilidade durante a viagem. O resultado foi brindado pelo sucesso.
Pontes, túneis, carris, entre outras tecnologias associadas e produzidas na China estão hoje na vanguarda mundial, sendo o país um dos que dita os padrões na Organização Internacional de Normalização.
Após mais de 20 anos de pesquisa, a China Railway Design Group faz hoje uso de tecnologia de mapeamento de laser por radar e sensoriamento remoto para medições de larga escala. A empresa desenvolveu também de modo independente softwares de design, entre outras tecnologias de informação e colaboração, permitindo aumentar a eficiência e reduzir de intensidade laboral nas construções ferroviárias com recurso a um menor número de técnicos no terreno.
É graças a estes avanços que a China é hoje capaz de construir linhas em regiões com grande disparidade de temperaturas e características geológicas e topológicas agrestes.
De acordo com as estatísticas, durante o período de ano novo chinês de 2019, um total de 2,98 bilhões de viagens de trem ocorreram no país. A distância total dos bilhetes vendidos no ano inteiro seria suficiente para dar a volta ao mundo sete ou oito vezes.
Em anos recentes o país tem aberto cada vez mais linhas, sendo que mais recentemente a aposta tem recaído sobre a formação da megalópole Beijing-Tianjin-Hebei. Exemplo disso é a abertura da linha Beijing-Zhangjiakou, também já a pensar nos Jogos Olímpicos de Inverno de 2022.
De acordo com o relatório “Desenvolvimento de Ferrovias de Alta Velocidade da China”, emitido pelo Banco Mundial em 2019, a extensão total de caminhos-de-ferro do país supera a dos restantes países do mundo combinada. Curiosamente, em comparação com o resto do mundo, o custo de instalação dos carris na china é relativamente baixo, equivalente a apenas 2/3 da média mundial.