Os legisladores britânicos rejeitaram na quarta-feira uma moção proposta pelo primeiro-ministro Boris Johnson apelando a eleições antecipadas em 15 de outubro, desferindo um novo golpe às suas ambições de retirar o país da União Europeia a 31 de outubro, independentemente de chegar ou não a acordo com o bloco europeu.
Os votos foram de 298-56 sobre a moção, após a Casa dos Comuns ter passado uma proposta de retardamento do Brexit, por forma a prevenir uma saída da UE sem acordo.
Johnson falhou na obtenção dos dois terços de maioria na Casa dos Comuns exigidos para a realização das eleições gerais, as quais não deverão acontecer até 2022. Johnson necessitaria de 434 votos para ser bem-sucedido na dissolução do parlamento.
Depois do resultado dos votos ter sido anunciado, Johnson disse que Jeremy Corbyn, líder do Partido Trabalhista, é o primeiro líder da oposição no país a “recusar o convite para uma eleição”.
Johnson afirmou que tinha chegado à “conclusão óbvia que ele (Corbyn) acha que não iria ganhar” nas eleições caso estas decorressem no próximo mês como propôs.
Por seu turno, Corbyn acusou o primeiro-ministro de “jogar um jogo dissimulado” para forçar um Brexit sem acordo. Ele disse que o seu partido iria apoiar as eleições após o projeto lei ser aprovado, mas não antes.
Corbyn disse aos membros do parlamento que a oferta de Johnson para a realização de eleições “é um pouco como a oferta da maçã à Branca de Neve por parte da Rainha Malvada... oferecendo o veneno de um não acordo”.
Antes da votação Johnson disse que o projeto-lei sobre o não acordo aprovado essencialmente poria termo às negociações do Brexit e entregaria o control a Bruxelas.
“Hoje o parlamento votou para parar, para atrapalhar quaisquer negociações sérias”, disse no parlamento.
Johnson disse que o propósito do projeto de lei sem um acordo se destinava a retirar à Grã-Bretanha o direito de determinar por quanto tempo deseja permanecer na UE, outorgando essa decisão a Bruxelas.
Explicando o porquê de querer uma eleição geral, Johnson disse que tal permitiria ao país decidir se queria o líder da oposição, Jeremy Corbyn, ou o próprio a fazer as negociações em Bruxelas.
“Parece-me muito lamentável que se tenha votado assim, a mim, parece-me um profundo abandono dos seus deveres”, disse Johnson.