Um aplicativo que permite que usuários pareçam celebridades em filmes de sucesso ou séries de TV tem sido amplamente acusado de coletar informações pessoais em excesso, causando preocupações públicas sobre a privacidade e os direitos de imagem de um indivído.
O aplicativo ZAO atraiu um grande número de internautas logo que estreiou, na noite de sexta-feira (30), entretanto, despertou preocupação se informações pessoais poderiam ser utilizadas de forma criminosa, uma vez que o pagamento por reconhecimento facial é uma tendência.
A plataforma afirmou no sábado (31) em sua conta do Weibo que entende as preocupações do usuários sobre questões de privacidade e prometeu resolver o problema.
O link de compartilhamento do aplicativo no WeChat, um aplicativo de rede social chinesa, foi desativado, e no site do aplicativo constava que "a página oferece riscos de segurança e recebeu muitas queixas. Para manter um bom ambiente na internet, o acesso foi interrompido."
O aplicativo também modificou seu acordo de usuário no domingo (1), adicionando um aviso especial de que o conteúdo coletado não será usado para outros fins e pode ser removido do servidor.
O acordo original, gerou controvérsias por constar que "antes de enviar ou postar qualquer conteúdo, você concorda em conceder à ZAO, suas afiliadas e usuários ZAO em todo o mundo o direito de usar irrevogavelmente sua foto original, sintetizar fotos e vídeos de graça e para o bem … e fazer alterações nos retratos dos detentores originais."
No aplicativo, os usuários podem escolher vídeos com artistas famosos e adicionar seu próprio rosto, enviando fotos de alta definição com uma imagem frontal completa de seu rosto.
Em seguida é necessário verificar o rosto, seguindo instruções que exigem que se abra a boca e levante a cabeça, por exemplo, para obter confirmação de que a foto é dele mesmo.
O usuário pode ser banido automaticamente caso utilize fotos de figuras públicas, e não é possível compartilhar vídeos concluídos sem realizar a verificação facial. Contudo, os termos de uso não são razoáveis, o que gerou muitas reclamações.
"As cláusulas não possuem qualquer efeito legal", afirmou Zhu Wei, um professor associado da Universidade de Ciências Políticas e Direito da China, acrescentando que é ilegal para a empresa criar tal acordo de usuário quando conhece claramente os riscos das pessoas que se aproveitam da informação para fazer "coisas ruins"".
"A violação do direito à sua imagem é apenas uma parte", disse ele. As pessoas estão usando um cliente móvel que envolve informações sobre identidade pessoal, propriedade, códigos de varredura e pagamentos móveis, e eles não podem ver exatamente que informações são obtidas pelo aplicativo. Então é muito perigoso."
Tais aplicações fornecem condições e disponibilidade técnica para a possibilidade de abuso e violação de direitos pessoais, e "enquanto houver uma infração, a plataforma será responsabilizada", afirmou Wang Sixin, professor de direito da internet na Universidade de Comunicação da China.
Ele acrescentou que tais cláusulas são "inválidas e claramente injustas" quando a plataforma tenta livrar-se de todas as suas obrigações, estipuladas por lei, e ao mesmo tempo as transfere para os usuários.
A ZAO não é o primeiro aplicativo móvel a possibilitar que as pessoas brinquem com seus rostos. No final do ano passado, um aplicativo chamado Zepeto, desenvolvido na Coreia do Sul, tornou-se popular na China para criar uma versão animada de usuários tirando selfie. O aplicativo desenvolvido pela Rússia Face-App também usa inteligência artificial para transformar rostos.
Tais aplicações oferecem riscos à privacidade, portanto é necessário que haja uma supervisão mais rigorosa do mercado e medidas preventivas, disse Wang.