China profundamente desiludida com o plano tarifário dos EUA

Fonte: Diário do Povo Online    09.05.2019 10h14

BEIJING, 9 de mai (Diário do Povo Online) - A China demonstrou sua profunda desilusão no final de quarta-feira sobre o plano de Washington de aumentar as tarifas sobre as importações chinesas, garantindo que serão tomadas as medidas retaliatórias necessárias, caso as tarifas americanas entrem em vigor.

O aumento de tarifas planejado em 200$ bilhões de importações chinesas de 10% para 25%, foi acionado pelo Gabinete do Representante Comercial dos EUA, tendo constado na quarta-feira no Registro Federal, segundo a Associated Press.

Em resposta, um porta-voz do Ministério do Comércio disse em um comunicado no website do ministério que a escalada de fricções comerciais não serve os interesses dos dois países ou do mundo.

Várias instituições comerciais estadunidenses urgiram a administração de Donald Trump a evitar a escalada de tensões, através do aumento repentino de tarifas na sexta-feira, enquanto que os especialistas afirmam que é sensível para a China continuar as negociações nestas circunstâncias.

“É um dilema para os produtores de soja”, afirmou Davie Stephens, presidente da Associação Americana da Soja, na terça-feira.

O presidente Donald Trump ameaçou num tweet no domingo que iria aumentar as tarifas.

Stephens, um produtor de Clinton, no estado de Kentucky, disse que os agricultores americanos enfrentam uma situação dura, e que, com a alteração de preços e a prevista acumulação de estoques por vender antes da colheita de 2019, em setembro, o mercado chinês é profundamente necessário.

“Precisamos de uma resolução positiva nesta disputa tarifária, e não de escalar as tensões”, afirmou, em um comunicado publicado pelo website da ASA.

Nicole Kaeding, vice-presidente de projetos federais e especiais na Tax Foundation, em Washington, disse que, se a administração Trump avançar com as suas ameaças, os contribuintes americanos, não os chineses, serão quem irá sofrer as consequências – devido aos preços mais elevados e menos oportunidades de trabalho.

O Conselho para a Indústria de Tecnologia da Informação advertiu também contra o aumento de tarifas. “O aumento de tarifas apenas irá continuar a pôr em causa os consumidores americanos e os negócios de todo o tipo em todos os setores. Trata-se de uma ameaça para o crescimento econômico americano, para a sua liderança e para a sua inovação”, disse Naomi Wilson, a diretora do conselho para a Ásia.

Os produtores de químicos dos EUA apelaram também para soluções mais razoáveis para o comércio.

Cal Dooley, presidente e CEO do Conselho Químico Americano, disse na segunda-feira acreditar que os riscos do uso contínuo de tarifas como táticas negociais com a China são simplesmente demasiado elevados, sendo que os potenciais benefícios continuam por esclarecer.

Diversas organizações, incluindo a Tarrifs Hurt the Heartland – uma campanha nacional composta por mais de 150 das maiores organizações comerciais de varejo, tecnologia, manufatura e agricultura dos EUA – realçaram nos últimos dias o impacto negativo do aumento de tarifas na economia e no mercado laboral americano.

Eles citaram um relatório em fevereiro da Trade Partnership Worldwide, dizendo que o aumento de tarifas em $200 bilhões de bens para 25%, juntamente com as tarifas já em prática – bem como a esperada retaliação chinesa – iria reduzir a empregabilidade americana em mais de 934,000 empregos e provocar uma queda no PIB de 0,37%.

De acordo com dados da Administração Geral Alfandegária, o comércio bilateral entre a China e os EUA caiu em 11,2% em termos anuais para 1,1 trilhões de yuans ($162,5 bilhões) no período entre janeiro e abril.

O fato de Beijing estar ainda enviando um delegação aos EUA para o diálogo comercial é “muito inteligente por parte da China”, disse Gary Hufbauer, um especialista em comércio do Peterson Institute for International Economics, sediado em Washington.

Douglas H. Paal, vice-presidente do Asia Program do Carnegie Endowment for International Peace, disse que “faz sentido continuar as conversações pois a alternativa seria um sinal drástico para os mercados”.

O vice-primeiro-ministro Liu He irá estar nos EUA na quinta-feira e sexta-feira para participar na 11ª ronda de consultas bilaterais para o comércio bilateral.

(Web editor: Juliano Ma, editor)

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