BEIJING,9 de abr (Diário do Povo Online) - A China e a Europa podem beneficiar de uma cooperação mais próxima, segundo o primeiro-ministro Li Keqiang em um artigo em nome próprio publicado na segunda-feira, no periódico germânico Handelsblatt, no arranque da sua visita ao continente.
No artigo, intitulado “Abraçando a Abertura e a Cooperação pelo Benefício Mútuo”, Li aludiu à crescente instabilidade e incertezas no panorama internacional e ao ressurgimento do protecionismo, unilateralismo e sentimentos antiglobalização.
Face a esta conjuntura, a China e a Europa, segundo Li, devem defender o multilateralismo e o sistema de livre comércio, adotando uma perspetiva estratégica global alicerçada no bom senso.
“Os nossos dois polos devem trabalhar em conjunto para promover uma economia mundial aberta e fazer frente aos desafios - ambos de longa data e os mais recentes – de modo a injetar estabilidade em um mundo cada vez mais imprevisível”, escreveu.
A China, explica Li, irá continuar a cooperar com a União Europeia (UE) em um alargado espetro de questões, tais como a defesa do Acordo de Paris, promoção do desenvolvimento sustentável, adesão ao Plano de Ação Integral Conjunto para a Questão Nuclear Iraniana, e no combate ao terrorismo.
A China, acrescentou, está também a postos para reforçar a comunicação e atingir um consenso com a UE em questões como a implementação da reforma da Organização Mundial do Comércio (OMC), para melhor responder aos interesses e preocupações de todas as partes, assegurando as aspirações da maioria dos seus membros.
O primeiro-ministro chinês acrescentou que, nos últimos 40 anos, o volume das relações comerciais sino-europeias foi multiplicado em 250 vezes, sendo que a UE é o maior parceiro de negócios da China há já 15 anos consecutivos. Enquanto isso, a China é o segundo maior parceiro de negócios da UE há já vários anos.
O comércio nos dois sentidos atingiu um recorde de 682,16 bilhões de dólares em 2018. Cerca de 8 milhões de visitas são trocadas entre ambos lados anualmente. Mais de 600 voos conectam a Europa e a China semanalmente, assinalou Li.
“Estou confiante que estes números venham a crescer no futuro”, asseverou.
“Por exemplo, a BASF anunciou a decisão de investir 10 bilhões de dólares para um complexo de produção exclusivo na província de Guangdong”, informou. “A ING, dos Países Baixos, e o Banco de Beijing irão investir 3 bilhões de RMB para estabelecer uma joint-venture, na qual a ING irá deter uma porção de 51%, tornando-o no primeiro banco controlado pelo estrangeiro a operar na China”.
A recém implementada Lei do Investimento Externo foi concebida para garantir uma melhor proteção aos investidores estrangeiros, tornando a China um destino mais atrativo para o investimento do exterior, declarou o primeiro-ministro.
A visita de 5 dias de Li pela Europa, agendada entre os dias 8 e 12 de abril, inclui Bruxelas, onde irá participar no 21º encontro de líderes China-EU, e a Croácia, para uma visita oficial e o 8º encontro de líderes da China e dos países da Europa Central e de Leste.
“A China e a UE têm muitos mais interesses comuns do que divergências”, disse. “E ambos temos a sabedoria e a capacidade para gerir as diferenças adequadamente, enfrentarmos os desafios em conjunto, e expandirmos a cooperação mutuamente benéfica em benefício das nossas cerca de 2 bilhões de pessoas”.