BEIJING, 18 de fev (Diário do Povo Online) - A Zara tem estado estes dias na ribalta das redes sociais chinesas devido à polêmica causada por um de seus anúncios, lançado na sexta-feira passada no website oficial da marca, no qual uma modelo chinesa aparece alegadamente “difamando os chineses”.
Intitulado “A Beleza Está Aqui”, o anúncio apresenta uma modelo chinesa vestida com roupas da marca e visa introduzir novos cosméticos.
Após a Zara ter compartilhado o anúncio no Weibo, a rede social equivalente ao Twitter na China, foi rapidamente alvo de comentários negativos dirigidos à modelo, que possui sardas no rosto.
Considerando que um rosto perfeito não deveria possuir sardas, os internautas consideraram que a marca estaria a “difamar os chineses”. Alguns deles salientaram ainda que a modelo “carece de energia” ou de “bom humor”.
"A Zara pretende mostrar que todas as garotas asiáticas possuem sardas no rosto?", foi o comentário de maior destaque ao anúncio.
"Não posso acreditar que eles escolheram um rosto sardento para representar as asiáticas”, podia ler-se noutro.
Alguns dos comentários, rapidamente apagados, teciam comparações com o caso polêmico da marca Italiana D&G, em novembro passado.
A maioria das reações, todavia, não consideram que a Zara tenha sido mal intencionada. “Todo o mundo pode ter sardas no rosto. Que mal tem uma modelo ter sardas?”, foi outro comentário com grande destaque.
No sábado, a Zara explicitou que não houve qualquer intuito de insultar o público chinês. A empresa afirmou que a modelo foi fotografada sem maquiagem e não houve manipulação digital. Acrescentou ainda que as opiniões mais acirradas derivam de possíveis diferenças estéticas.
No domingo à noite, a hashtag “#Zara responde ao anúncio com a modelo chinesa”, obteve 460 milhões de acessos no Weibo, sendo a mais vista do dia.
As críticas ao anúncio da Zara, a fim de proteger a imagem da China são compreensíveis, contudo, exibem um excesso de sensibilidade e uma falta de confiança cultural. Tal revela que quem critica, pelo medo de serem atacado, age na defensiva contra qualquer atitude que não compreenda.
A confiança cultural vem sendo promovida pela liderança do país, e a tolerância é um traço essencial para esse fim. Apenas quando aprendermos a tolerar a pluralidade estética, a confiança cultural poderá ser propriedade de todos.
A modelo do incidente, Li Jinggwen, é famosa e já trabalha profissionalmente há alguns anos. A insatisfação coletiva com as sardas no seu rosto, terá sido, certamente, ofensiva para a mesma, mesmo que tal não tenha sido o propósito. Resta-nos esperar que a tolerância possa ser promovida, para que episódios como este não se repitam.