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Egito comemora 100º aniversário do falecido Presidente Sadat, homem da paz

Fonte: Xinhua    27.12.2018 13h32

Por Marwa Yahya

Monufia, Egito, 25 dez (Xinhua) -- O Egito comemorou nesta terça-feira o 100º aniversário do falecido presidente Anwar al-Sadat, conhecido por suas contribuições para o progresso da paz no Oriente Médio.

Em sua cidade natal, Mit Abu al-Kum, a cerca de 75 quilômetros da capital, pessoas da aldeia se reuniram em torno de sua casa, transformada em museu para comemorar a data de nascimento de seu líder.

"O presidente Sadat é um símbolo de paz para toda a nação árabe", disse Soliman Shenawy, engenheiro agrícola do vilarejo.

"Sentimos orgulho e honra de morar aqui, onde o presidente Sadat viveu, tomou decisões históricas e se reuniu com os principais líderes mundiais", disse Shenawy à Xinhua.

Ele ainda se lembra de quando Sadat apertou suas mãos enquanto se dirigia para a mesquita. "O presidente foi muito humilde e ajudou os agricultores a restabelecer suas casas com seu próprio dinheiro".

O aniversário do falecido presidente foi celebrado pelos aldeões, o governador de Monufia, além de outras autoridades e oficiais do exército, dentro do museu de 200 metros quadrados.

A casa onde o museu está localizado foi construída em 1962, quando Sadat era presidente do parlamento, tendo sido anexada a um sítio com vastos jardins.

O museu abriga o uniforme do ex-presidente, o terno que ele usava quando fez seu famoso discurso no Knesset (parlamento) em Israel, livros, sapatos e fotos com líderes mundiais.

Criado em 2006, o museu é visitado por cerca de 10.000 pessoas anualmente, disse Attiya Atef, gerente do museu, acrescentando que também abre para estudantes que estudam a história de Sadat.

"O presidente Sadat é um modelo histórico para minha geração", disse Nadia Faramay, que visita o museu de vez em quando.

Enquanto escrevia no livro de visitas, ela disse que costumava passar pela casa de Sadat e, certa vez, viu alguns líderes mundiais caminhando com o presidente.

"Por sua modéstia, Sadat era um homem comum que serviu seu país, não um presidente com o qual as pessoas temem falar", acrescentou Faramawy.

Ela expressou sua alegria quando o museu foi aberto para observar de perto as posses do presidente.

"Senti-me orgulhosa quando o presidente dos EUA, Donald Trump, assinou uma lei para homenagear o ex-presidente Sadat no 100º aniversário de seu nascimento", disse a senhora apaixonadamente.

No início deste ano, o Senado dos EUA aprovou um projeto de lei em agosto para honrar o esforço de Sadat em manter a paz no Oriente Médio.

A embaixada egípcia em Washington disse em comunicado à imprensa que o projeto é "em reconhecimento às suas (de Sadat) conquistas heróicas e corajosas contribuições à paz no Oriente Médio".

Sadat é o primeiro presidente árabe a ser homenageado com o prêmio do Congresso dos EUA. Além disso, uma medalha de ouro também foi dada a sua esposa, Gihan Sadat, em reconhecimento aos seus esforços para ajudar a manter a paz na região.

O presidente egípcio, Abdel-Fattah al-Sisi, também elogiou na terça-feira a "bravura e visão" de Sadat na criação da paz na região.

Sisi disse que a guerra de 1973 com Israel restaurou a dignidade do povo egípcio e árabe, e abriu o caminho para Sadat fazer a paz.

"A Guerra de Outubro abriu o caminho para o presidente Anwar al-Sadat realizar as iniciativas mais promissoras da era moderna", disse Sisi.

Em 1978, o Egito e Israel assinaram na Casa Branca os acordos de paz de Camp David, que acabaram com uma hostilidade prolongada entre os dois países.

A guerra levou a forças israelenses a se retirarem da península do Sinai em 1982, após 15 anos de ocupação.

"A mensagem de Sadat era clara de que o Egito não aceita a injustiça ou a humilhação", reiterou Sisi, acrescentando que o Egito busca uma paz justa, desenvolvimento e prosperidade para seu povo, sua região e o mundo.

As comemorações do aniversário de Sadat também foram vistas na capital por meio de muitas atividades.

No domingo, cantores da Opera House apresentaram algumas das mais famosas canções nacionais da época de Sadat, incluindo as que retratam o estado dos soldados durante a guerra, que recebeu grandes aplausos do público.

Na segunda-feira, uma conferência especial foi realizada no Conselho Supremo da Cultura com o título "Sadat: o herói da guerra e da paz", que discutiu a mentalidade de Sadat em acabar com a guerra, assim como suas políticas pelas quais o país passou.

Sadat foi o terceiro presidente do Egito, servindo desde 15 de outubro de 1970 até seu assassinato por fundamentalistas islâmicos em 6 de outubro de 1981.

Em 1918, Sadat nasceu em uma família pobre de origem egípcia que não sabia que seu nome seria gravado na história recente do Egito pelas mãos de seu filho Anwar, que se tornou o primeiro egípcio a ser premiado com o Prêmio Nobel da Paz.

Sadat mais tarde se uniu à Academia Militar Real no Cairo e se formou como segundo tenente do exército.

Depois que o presidente Gamal Abdel Nasser morreu de um ataque cardíaco, Sadat se tornou presidente em 1970.

Entre as severas críticas dos egípcios, o objetivo da paz de Sadat insistia em que ele se tornasse o primeiro presidente árabe a reconhecer a existência de Israel como país, visitando-o em 1977 para discutir com o Knesset israelense como a paz global pode ser alcançada na região.

"Fiz minha viagem porque estou convencido de que devemos a esta geração e às gerações vindouras, não deixar pedra sobre pedra em nossa busca pela paz", disse Sadat.

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