“Novo” modelo de joint-venture visa atrair mais IED para o Brasil

Fonte: Diário do Povo Online    23.10.2018 10h34

Uma parceria liderada por uma multinacional brasileira e apoiada por um investidor estrangeiro, que visa obter retorno de longo prazo no Brasil, estabeleceu um novo modelo cujo objetivo é atrair mais investimento estrangeiro direto (IED) para o Brasil.

O referido exemplo foi criado na sexta (19). O consórcio do grupo Votorantim Energia e da gestora de Fundos Canadian Pension Plan Investment Board (CPPIB), com uma única oferta, assumiu a estatal paulista CESP (Companhia Energética de São Paulo). Segundo executivos das empresas, as próprias empresas vão financiar a aquisição, na proporção de 50% cada.

De certa forma, esse modelo sinaliza a nova postura do governo Brasileiro em relação a privatizações de ativos estratégicos do Brasil. Os grupos empresariais privados brasileiros devem ter papéis mais determinantes nas privatizações.

No caso da CESP, o próprio grupo Votorantim Energia, que tem uma longa tradição com compromissos de desenvolvimento de longo prazo no Brasil, está liderando a aquisição. Além da gestão técnica, o grupo Votorantim possui vasta experiência internacional, especificamente na América Latina, sendo que algumas de suas empresas estão também listada nas bolsas americanas, ampliando suas fontes de financiamento.

Assim, como as aquisições realizadas por grupo estrangeiros, os analistas de mercado também prevêm um aumento do valor da CESP após a aquisição. Eles acreditam que a geração de fluxos de caixa será ampliada com a negociação de passivos e contingências judiciais trabalhistas, bem como com o aumento de eficiência e cortes de custos operacionais.

Com esse novo modelo, as grande multinacionais brasileiras não só atuam no exterior, mas também no mercado doméstico, ajudando nas privatizações. Essa nova tendência pode precisar de alguns ajustes, como, por exemplo, a falta de outro grupo estrangeiro no leilão. Como o leilão só teve uma proposta e não houve disputa de valor, o consórcio arrematou a CESP com uma oferta de 14,60 reais por ação, um acréscimo simbólico de 2,1% em relação ao preço mínimo, de 14,30 reais.

Nestes termos, seria interessante que o governo brasileiro explicitasse melhor as condições e as regras de privatizações que pretende conduzir, principalmente em ativos classificados como estratégicos. Deste modo, não só os grupos estrangeiros que já atuam no Brasil, mas também vários grupos que estão negociando as aquisições, podem ajudar o governo brasileiro. Com mais participações, o governo poderá obter mais lucros na venda de ativos e continuar contando com parcerias internacionais que visam retorno e compromisso de longo prazo no Brasil.  

 

Autor: Hsia Hua Sheng (Professor de Finanças Aplicadas da FGV-EAESP e da UNIFESP-EPPEN)

(Web editor: 张睿, editor)

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