Portugal reafirma interesse na iniciativa “Um Cinturão, Uma Rota” em visita do ministro dos Negócios Estrangeiros à China

Fonte: Diário do Povo Online    23.10.2018 13h30

BEIJING, 23 de out (Diário do Povo Online) - No desenlace de uma visita de 4 dias à China, Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, esteve em Beijing, onde foi recebido pelo seu homólogo chinês, Wang Yi, após uma passagem por Guangzhou e Macau.

A deslocação ocorre no advento de 2019, ano que assinala os 40 anos do reatamento das relações diplomáticas luso-chinesas e os 20 anos da transição da administração de Macau para a China.

A visita teve início na cidade de Guangzhou, onde o ministro compareceu à inauguração do novo consulado português, o qual se junta à rede consular na China (já com presença em Shanghai, Macau e Beijing). A capital da província de Guangdong, adianta Santos Silva, deverá também passar a contar em 2019 com mais uma agência da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP).

Em Macau teve lugar a reunião da 5ª comissão mista luso-macaense, na qual foram estabelecidos 5 projetos comuns com particular ênfase na educação, ciência, intercâmbio de estudantes e no reforço da presença de empresas portuguesas na região administrativa especial.

Com efeito, o ministro dos Negócios Estrangeiros revelou particular satisfação ao constatar que a última edição da Feira Internacional de Macau, na qual também esteve presente, contou com a participação de 180 empresas portuguesas,“quase o dobro do número habitual (…) não só nas áreas tradicionais do agroalimentar mas também na área dos serviços tecnológicos”.

Elaborando sobre o ponto da situação do estado das relações económicas bilaterais sino-português entre os anos de 2013 e 2017, abordadas na reunião da comissão mista sino-portuguesa em Beijing, Santos silva afirma que “quer nas exportações, quer nas importações, o comércio aumentou significativamente. A China é hoje o 6º fornecedor de bens de Portugal e é o 11º cliente de bens de Portugal. O Comércio bilateral representa já mais de 3000 milhões de euros por ano”, destaca, acrescentando que Portugal é atualmente o 4º país onde a China mais investiu na última década e o 7º país europeu com mais investimento chinês.

No que concerne ao setor turístico, “uma das áreas em que é mais impressionante o crescimento”, notabiliza-se em 2017 o aumento de 40% de turistas chineses a visitar Portugal face ao ano anterior, em parte fruto da ligação aérea direta entre os dois países.

No domínio do comércio bilateral, o chefe da diplomacia portuguesa refere que há ainda margem para evoluir no futuro, mencionando uma possível maior abertura por parte da China “às exportações portuguesas, designadamente, ao [setor] agroalimentar”.

Se 2019 assinala dois marcos importantes das relações sino-portuguesas, o ano de 2018 é também simbólico para a China, pois são comemorados os 40 anos da implementação da política de reforma e abertura.

O progresso alcançado pelo país desde então é, afirma Santos Silva, “consensual”, aludindo a “uma das maiores operações de redução de desigualdade no mundo”. A entrada da China na OMC em 2001, refere, “veio trazer uma vivacidade ao comércio internacional que é também largamente positiva (…) Todos os avanços que a China vai fazendo de uma economia de mercado plenamente conforme com as regras do comércio internacional, são passos que nós saudamos”.

A Expo Internacional de Importações da China, uma iniciativa chinesa que visa o reforço do compromisso do país com a abertura e globalização, realiza-se já no próximo mês de novembro em Shanghai. Portugal, afirma, atribui “muita importância” ao evento, sendo que a delegação portuguesa será chefiada pelo ministro da agricultura.

No contexto da iniciativa “Um Cinturão, Uma Rota”, o ministro voltou a demonstrar o interesse português e a pertinência que o país pode vir a desempenhar no projeto. “Portugal pode ser justamente o ponto em que a rede ferroviária e a rede marítima associadas à nova rota da seda se podem encontrar”.

“A conectividade euroasiática melhora a conectividade global. Por exemplo, o porto português de Sines, que pode ser o ponto em que a rota da seda e o cinturão se encontram, é o porto europeu mais próximo do canal do Panamá, ou seja, mais próximo do ponto de ligação marítima entre o Atlântico e o Pacífico”, elabora.

Ainda que a agenda de eventos comemorativos das duas efemérides luso-chinesas de 2019 não esteja ainda finalizada, o ministro dos Negócios Estrangeiros adianta que foi já acordada a realização de festivais culturais em ambos os países, abrangendo “todas as áreas culturais relevantes. Da literatura às artes plásticas e da música ao bailado”.

Na véspera do regresso a Portugal, Augusto Santos Silva encontrou-se com o seu homólogo chinês, Wang Yi, presumivelmente, entre outros assuntos, para ultimar os preparativos da visita do presidente Xi Jinping a Portugal. 

(Web editor: Chen Ying, editor)

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