Brasil: Paralisação dos caminhoneiros entra em seu oitavo dia apesar de redução do movimento

Fonte: Xinhua    29.05.2018 13h47

Brasília, 29 mai (Xinhua) -- A greve dos caminhoneiros no Brasil completou oito dias nesta segunda-feira, apesar do presidente Michel Temer ter anunciado na noite do domingo a adoção de várias medidas, como o aumento no desconto por litro de diesel para 46 centavos de real (US$ 0,13), o congelamento de preços por 60 dias e o fim da cobrança de pedágio nas rodovias para caminhões que estiverem circulando vazios.

Segundo um balanço divulgado na tarde desta segunda-feira pela Polícia Rodoviária Federal, 556 pontos de estradas federais continuam bloqueados, principalmente na região sul do país, embora a maioria seja parcial, já que não impede a livre circulação de veículos que não participam das manifestações.

A Polícia Rodoviária acrescentou que continua agindo para liberar corredores interestaduais para a circulação de cargas vivas, produtos alimentícios, produtos essenciais, remédios, combustíveis e outras cargas sensíveis.

José da Fonseca Lopes, presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), que congrega cerca de 700 mil profissionais, disse que 70% a 80% dos grevistas já se desmobilizaram, mas denunciou que há grupos tentando usar o movimento para fins políticos, especialmente os que defendem uma "intervenção militar" no país.

"Nas conversas com a base, fiquei sabendo de pontos com envolvimento de intervencionistas, mas estamos trabalhando para evitar esse uso político do nosso movimento. Faremos denúncia pública sobre os pontos onde isso está ocorrendo. Se essas pessoas forem penalizadas por autoridades, com multas ou o que for, elas não terão a ajuda da Abcam", disse Fonseca à imprensa.

Durante um ato no Palácio do Planalto na segunda-feira, Temer se disse confiante de que a paralisação terminará até terça-feira. "Tenho absoluta convicção de que entre hoje e amanhã, a recomendação dos líderes levará ao encerramento da greve", afirmou.

Apesar de ter autorizado o envio das Forças Armadas para as operações de desobstrução de vias interditadas por caminhoneiros, Temer destacou que seu governo sempre buscou o "diálogo" com os grevistas.

"Entendeu-se que logo no começo eu deveria usar de toda a força necessária para, logo no primeiro dia, impedir qualquer movimento. Nós não fazemos assim, não é nossa vocação. A nossa vocação é do acerto, do diálogo, da conciliação, do ajuste, que é o que fizemos ao longo desta semana", afirmou.

Os combustíveis voltaram a aparecer em alguns postos nas principais cidades, como São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro, ocasionando longas filas de motoristas em busca de gasolina e etanol. Mas a situação continua difícil nos transportes públicos e com a falta de mercadoria nos supermercados e feiras. Em vários locais não houve aula nas escolas públicas e em muitas particulares, além de universidades.

Com dificuldade para escoar remédios para os estados por causa da greve, o Ministério da Saúde solicitou auxílio da Força Aérea Brasileira para transporte de produtos, alguns com estoques suficientes para apenas dois dias. Na lista, estão medicamentos para tratamento de câncer, para pacientes transplantados, remédios de alto custo, além de vacinas e drogas usadas na terapia anti-HIV.

Líderes de diversas associações de caminhoneiros disseram que será necessário algum tempo para que a mensagem sobre o fim da paralisação chegue a todos os motoristas que estão nas estradas. Segundo vários relatos, o movimento não responde necessariamente aos dirigentes das entidades , tendo se organizado através de grupos de WhatsApp, o que torna mais difícil desmontar as paralisações. Fim

(Web editor: Renato Lu, editor)

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