A China urgiu os EUA e a República Popular Democrática da Coreia (RPDC) a realizarem a reunião, demonstrarem boa vontade e sinceridade, e criarem juntos as melhores condições e atmosfera para a cúpula entre os líderes de ambos países.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Lu Kang, disse ontem que os dois lados devem evitar comportamentos que possam estimular ou desencadear novas tensões na Península Coreana.
Lu fez tais declarações depois que o vice-ministro das Relações Exteriores da Coreia do Norte, Kim Kye-gwan, disse no mesmo dia que Pyongyang reconsideraria a cúpula com os EUA se o país continuasse a ser pressionado para abandonar "unilateralmente" o seu programa nuclear.
As declarações de Kim Kye-gwan surgiram horas depois de Pyongyang ter suspendido abruptamente as conversações entre os dois países, marcadas para quarta-feira, citando os atuais exercícios militares entre a Coreia do Sul e os EUA.
A KCNA rotulou os exercícios aéreos de "provocação", considerando que vão contra a tendência de restabelecimento dos laços.
"Este exercício dirigido a nós, sendo realizado em toda a Coreia do Sul, é um desafio à Declaração de Panmunjom e uma provocação militar intencional que contraria os desenvolvimentos políticos positivos na Península Coreana", escreve a KCNA, referindo-se ao comunicado conjunto assinado durante a cimeira inter-coreana.
Os EUA ainda têm "esperança" de que a cúpula planejada seja realizada, mas Trump está preparado para um processo de negociação difícil, disse a porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, nesta quarta-feira.
"Pyongyang vem fazendo concessões contínuas, incluindo uma promessa de desmantelar o seu local de testes nucleares até o final deste mês, mas os EUA e a Coreia do Sul não fizeram nenhum esforço substancial nessa troca", opinou Zheng Jiyong, diretor do Shanghai do Centro de Estudos Coreanos da Universidade de Fudan.
"Do ponto de vista de Pyongyang, o desmantelamento do seu local de testes nucleares é a concessão final. Depois de fazer essa concessão e concordar com uma cúpula em Singapura, os EUA e a Coreia do Sul continuaram a exercer pressão, deixando Pyongyang se sentindo explorada e incapaz de aceitar tal situação", observou Zheng.
A Coreia do Norte mostrou uma maior abertura ao diálogo, incluindo a participação nos Jogos Olímpicos de Inverno de Pyeongchang, a cúpula inter-coreana, a anuência à realização de uma cúpula com os EUA em Singapura e a garantia de liberdade aos prisioneiros norte-americanos.
No entanto, John Bolton, conselheiro de segurança nacional de Trump, disse no domingo que Pyongyang não pode esperar assistência ou relaxamento das sanções até que sejam totalmente desmanteladas as armas nucleares.
"O discurso de Bolton, que reflete como os conservadores se sentem, apenas levou Pyongyang a reduzir as expectativas sobre a próxima cúpula Trump-Kim", afirmou Da Zhigang, diretor do Instituto de Estudos do Nordeste Asiático da Academia de Ciências Sociais de Heilongjiang.
Os analistas defendem que tanto os EUA quanto a RPDC enfrentarão consequências políticas caso a cúpula de Trump-Kim seja cancelada.
"No período que antecede a cúpula, outros conflitos diplomáticos surgirão, já que ambos os lados estão negociando. Apesar das reviravoltas, a probabilidade de uma cúpula Trump-Kim acontecer continua relativamente alta", disse Zheng ao Global Times.
Zheng enfatizou que a ameaça de Pyongyang poderá ser um golpe para o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, já que o país realizará eleições a 13 de junho, um dia depois da cúpula.
"O público tornou-se otimista demais com a evolução da península desde a cúpula inter-coreana. Resolver a crise nuclear é um processo complicado e é preciso estar preparado para os contratempos", expressou Lv Chao, pesquisador da Academia de Ciências Sociais de Liaoning.
Os analistas acreditam que a Coreia do Norte continuará pressionando as negociações devido ao restabelecimento dos laços com a China.
"A China e RPDC alcançaram muitos consensos nas duas reuniões entre os líderes, incluindo o uso de medidas faseadas e síncronas para resolver a questão nuclear da península. O restabelecimento dos laços com Beijing pode impulsionar a tática diplomática de Pyongyang com os EUA", disse Da.