Comparado ao Liaoning, o primeiro porta-aviões da China, o primeiro porta-aviões de construção doméstica, o modelo 001A, é mais avançado em diversos aspetos. Por exemplo, o seu casco não só foi projetado por engenheiros chineses, como também incorpora as mais recentes tecnologias.
Além disso, o hangar do 001A, a ilha (a superestrutura do navio onde se situa a torre de controlo), bem como o elevador de munições, todos eles foram melhorados. As diferentes secções da embarcação, tais como o radar e os sistemas eletrônicos conferem ao 001A avanços gigantes em comparação com o predecessor Liaoning.
No entanto, não existe qualquer fundo de verdade relativamente a alguns órgãos de imprensa ocidentais, que referem que uma corrida às armas se encontra em curso, simplesmente porque a China decidiu avançar para a incorporação de um segundo porta-aviões na marinha. Existe somente um motivo para a China reforçar o seu poder naval: autodefesa, ou seja, defender as suas fronteiras marítimas e interesses além-mar.
Importa frisar que, desde a Primeira Guerra do Ópio, em 1840, até à fundação da República Popular da China, em 1949, a China foi invadida por potências ocidentais a partir do mar por mais de 470 vezes. Como resultado, gerações de chineses têm intercedido a favor da construção de uma marinha sólida para prevenir tais episódios.
(Zhang Junshe, é um investigador sênior do Instituto de Investigação e Estudos Militares Navais do ELP)
A marinha não irá superar os limites da sua capacidade
O segundo porta-aviões da China irá melhorar a capacidade de combate da marinha do ELP em maior medida, face ao que o Liaoning veio a permitir. A razão: o Liaoning destinou-se mais a propósitos de investigação científica do que a operações de combate e treinamento.
Além disso, o fato de que a China possa projetar de forma independentemente e construir um porta-aviões, reflete o progresso gigante da indústria militar do país. Como tal, é razoável considerar o 001A como o novo ponto de partida do poder naval chinês. O uso de tecnologias avançadas para a construção independente de um porta-aviões irá auxiliar a China a melhorar a sua capacidade tecnológica.
Alguns órgãos de comunicação social ocidentais usaram o 001A para hiperbolizar a teoria de uma “ameaça chinesa”. “A China não necessita de dois porta-aviões”, referem. Com efeito, quando o Liaoning partiu na sua primeira viagem, afirmaram que a China não precisava de todo de um porta-aviões.
A sua intenção de enfraquecer o ELP é clara. Qualquer pessoa com bom senso consegue depreender que tais comentários são ridículos. Basta considerar a quantidade de interesses marítimos da China: defender as fronteiras marítimas, garantir a paz e estabilidade ao longo das duas rotas da iniciativa do Cinturão e Rota, e assegurar a fluidez do transporte marítimo.
Não é possível garantir tudo isto apenas com um porta-aviões.
A China não irá construir uma marinha que exceda os propósitos do país, pois não busca qualquer hegemonia ou controlo dos oceanos. Como tal, não ambiciona construir uma marinha da dimensão da homóloga estadunidense.
(Yang Yi, é ex-diretor do Instituto para os Estudos Estratégicos da Universidade de Defesa Nacional do ELP)