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A vitalidade do legado de Marx (2)

Fonte: Diário do Povo Online    07.05.2018 15h17
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É por isso que o pensamento de Marx, desde o seu surgimento, sofreu as maiores hostilidades e o maior ódio por parte das ciências burguesas e dos países capitalistas. Ao longo de sua existência, o Marxismo foi vítima de uma sofisticada campanha internacional de difamação e descrédito. Os países capitalistas gastaram milhões de dólares para destruir a credibilidade do socialismo científico, particularmente quando este ganhou concretude nas experiências socialistas do século XX. Até os dias atuais, as mídias e academia dos países ocidentais reproduzem os mesmos chavões desenvolvidos contra o Marxismo.

Nenhuma outra teoria científica suportou tamanha pressão. Neste sentido, é impressionante que o pensamento de Marx não apenas tenha conseguido vencer seus opositores, como também preservar seu vigor e valor científico. Isto porque o socialismo é o irmão-gêmeo do capitalismo, ambos nasceram juntos na Revolução Industrial. Enquanto o sistema capitalista pautar o desenvolvimento da humanidade, o Marxismo jamais perderá sua vitalidade. Por isso é seguro afirmar que é impossível pensar e compreender a história recente sem levar em consideração a obra deste pensador alemão. Não por acaso, sempre que o mundo entra em períodos de turbulências e crises econômicas, assistimos um retorno à Marx.

Em uma pesquisa online, a British Broadcasting Corporation (BBC) realizou uma seleção para descobrir qual seria o “Pensador do Milênio”. Os resultados apontaram Karl Marx no topo da lista como o maior pensador do milênio. Quando eclodiu a crise financeira internacional de 2008, houve um aumento substancial nas vendas de sua obra prima “O Capital” por toda a Europa. Em uma palestra na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade na Universidade de São Paulo (FEA-USP) no Brasil, no dia 16 de Novembro de 2014, o economista francês Thomas Piketty, autor do consagrado livro “O Capital no Século XX”, declarou que “Marx é possivelmente mais importante que Jesus”. Em suma, mesmo depois de inúmeras tentativas de exorcismo, o espectro de Marx ainda ronda pelo mundo.

A razão por detrás desta impressionante vitalidade se deve ao fato desta teoria conseguir sustentar a veracidade de suas teses ao longo do tempo. A metodologia do Marxismo e seu quadro teórico são científicas: O materialismo histórico e o materialismo dialético são instrumentos teóricos fundamentais utilizados para analisar as contradições inerentes ao sistema capitalista, descortinar as tendências gerais do desenvolvimento da História e apontar a direção correta para o desenvolvimento da humanidade.

O documento político mais importante e de maior impacto da História recente, o Manifesto Comunista, publicada em 1848, continua mais atual do que nunca é um exemplo desta vitalidade. A exposição realizada por Marx e Engels sobre o desenvolvimento da sociedade capitalista parece ter sido escrita hoje. É por isso que até os dias atuais, 170 anos após sua publicação, o Manifesto ainda orienta o movimento comunista internacional.

Ao contrário do que propaga os chavões anticomunistas, o Marxismo não é estático, é um sistema teórico que evolui ao longo do tempo, sempre avançando e enriquecendo seu desenvolvimento na prática, principalmente nos países onde foi combinado com as condições nacionais.

Escolher o Marxismo para compreender o mundo é escolher o lado certo da História. Manter o espírito crítico e análise histórica marxistas é imprescindível para desnudar a dinâmica dos tempos e evitar cair em oportunismos que apontam o Marxismo como uma concepção ultrapassada. Neste sentido, a perspectiva oferecida pelo historiador marxista britânico Eric Hobsbawm, em seu livro Sobre História, ocupa a ordem do dia: “Quanto ao futuro previsível, teremos que defender Marx e o Marxismo dentro e fora da história, contra aqueles que os atacam no terreno político e ideológico. Ao fazer isso, também estaremos defendendo a história e a capacidade do homem de compreender como o mundo veio a ser o que é hoje, e como a humanidade pode avançar para um futuro melhor”.

No dia 5 de maio de 2018 comemorou-se os 200 anos do nascimento de Marx. Diversas atividades como seminários acadêmicos, atos políticos, entre outros, foram realizados em diversos países por ocasião desta data. Inúmeros veículos de mídia noticiaram as celebrações e publicaram diversas análises sobre a importância e relevância do Marxismo para os dias atuais. Na China esta data reverte-se de uma especial importância. O Partido Comunista da China adota o Marxismo como ideologia orientadora desde sua fundação em 1921 e a República Popular da China o assume como o pilar fundamental do Estado.

As comemorações do bicentenário de Marx serviram para lembrar ao mundo a importância do Marxismo para a China. O Partido Comunista da China está comprometido com o comunismo e adere ao Marxismo como teoria guia para governar e promover o desenvolvimento da China. Conforme disse o secretário geral do Partido Comunista da China, Xi Jinping: “É perfeitamente correto que a História e o povo escolham o Marxismo, assim como o Partido Comunista da China escreva o Marxismo em sua própria bandeira, siga o princípio de combinar os princípios fundamentais do Marxismo com a realidade da China, e continuamente adapte o Marxismo ao contexto chinês e aos tempos”. “A teoria de Marx ainda brilha com luz da verdade”.

* Gaio Doria é mestre em economia chinesa pela Universidade do Povo da China (中国人民大学), em Beijing, onde atualmente faz doutorado no Instituto de Marxismo da mesma universidade; colaborador da Comissão de Política e Relações Internacionais do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) 


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