Beijing, 20 abr (Xinhua) -- A China disse nesta quinta-feira que o unilateralismo e o protecionismo comercial inevitavelmente prejudicarão outros sem beneficiar a si mesmo, pois a economia mundial está profundamente integrada.
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Hua Chunying, fez as observações ao comentar um relatório do Federal Reserve dos EUA, divulgado na quarta-feira.
Segundo o relatório, conhecido como o livro bege, empresas em muitas partes dos Estados Unidos informaram aumentos significativos nos preços dos produtos de aço e alumínio, por causa das tarifas sobre as importações.
Também disse que empresas em diversos setores, incluindo manufatura e transporte, expressaram preocupação sobre o impacto das tarifas.
Hua citou um relatório da Instituição Brookings dizendo que uma guerra comercial EUA-China resultará na perda de mais de 2,1 milhões de empregos em 2,7 mil distritos dos Estados Unidos.
Em março, 107 membros republicanos do Congresso assinaram uma carta pedindo ao presidente Donald Trump que não avançasse em seu plano de tarifas.
Na carta, os legisladores escreveram: "nós pedimos a você que reconsidere a ideia de tarifas amplas para evitar consequências negativas involuntárias para a economia dos EUA e seus trabalhadores."
Em um almoço de trabalho com o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, na quarta-feira, Trump disse que "recíproco" será a palavra primária que os EUA vão usar.
O presidente americano disse: "a China, como um exemplo, quando eles enviam um carro para nós, a tarifa é de 2,5%. Quando nós enviamos um carro para eles, em primeiro lugar, eles não aceitam, e em segundo lugar, a tarifa é de 25%".
Quando foi pedida para comentar as observações de Trump, Hua respondeu com fatos:
Primeiro, os Estados Unidos cobram tarifa de 2,5% sobre os carros importados, mas 25% sobre caminhões importados;
Segundo, a China estabeleceu uma tarifa máxima de 25% para veículos inteiros, mas apenas 10% para autopeças;
Terceiro, a maior parte dos carros americanos vendidos na China são produzidos pelas subsidiárias das montadoras dos EUA no país asiático.
Hua disse que a General Motors (GM) vendeu cerca de 4 milhões de carros na China em 2017, e a Cadillac vendeu mais carros na China do que nos Estados Unidos.
"Deve ser dito que as montadoras americanas desfrutaram de um enorme dividendo na China", disse Hua.
Por outro lado, os Estados Unidos exportaram mais de 280 mil veículos para a China em 2017, enquanto a China exportou apenas 53 mil veículos para os Estados Unidos, disse Hua, observando que não faz nenhum sentido comparar as taxas de importação para os veículos inteiros da China e dos Estados Unidos.
No que se relaciona ao "recíproco", Hua disse: quanto às tarifas, a Organização Mundial do Comércio (OMC) não tem o princípio de reciprocidade de tarifas e os membros da OMC também têm níveis diferentes de tarifas.
A reciprocidade e a imparcialidade não podem falar por elas mesmas, então padrões não podem ser formulados segundo os próprios interesses e necessidades de cada um, disse ela.
"Em vez disso, devemos nos apoiar em consultas iguais para formular regras e padrões internacionais unificados e devemos todos respeitá-los", apontou Hua.
Comércio sob coerção é de jeito nenhum recíproco e justo, reforçou ela, advertindo que quem age de maneira presunçosa pode acabar sofrendo as consequências.
Ao responder se as recentes iniciativas de abertura da China na indústria automotiva são uma resposta para a pressão dos EUA, Hua disse que a China avançará na reforma e abertura conforme as metas e ritmo estabelecidos.
Ela disse que a liberalização completa da indústria manufatureira do país é uma indicação clara de sua oposição ao protecionismo de comércio e investimento.
A China apoia o desenvolvimento extenso e profundo da globalização econômica e suporta as empresas chinesas e estrangeiras a alcançarem o desenvolvimento comum em um campo de jogo justo, disse ela.
"Saudamos todos os países a compartilhar as oportunidades da abertura e desenvolvimento da China", disse Hua.
Ela observou que quem se envolver em protecionismo contra a China fechará a porta para o país.