Disputa comercial com EUA têm impacto limitado na macroeconomia da China, dizem analistas

Fonte: Xinhua    11.04.2018 09h01

Beijing, 10 abr (Xinhua) -- As atuais disputas comerciais com os Estados Unidos terão uma influência negativa limitada na macroeconomia chinesa, disseram especialistas.

"A economia da China está indo estavelmente e mantém boa dinâmica de crescimento. A tendência deve continuar por longo prazo. O mercado chinês tem grande espaço adicional, forte ímpeto de crescimento e resiliência", disse Wang Changlin, vice-presidente da Academia de Pesquisa Macroeconômica da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma.

A disputa comercial com os Estados Unidos exercerá alguma influência na economia chinesa, mas será limitada no geral, segundo Wang.

Os Estados Unidos anunciaram em 3 de abril tarifas para uma proposta de lista de bens chineses no valor de US$ 50 bilhões. A lista foi autorizada pelo Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos, que em agosto de 2017 iniciou uma investigação infundada sob a Seção 301 da Lei de Comércio dos Estados Unidos de 1974, para investigar as práticas chinesas em propriedade intelectual e transferência de tecnologia.

Segundo uma estimativa inicial, declínios de exportações no valor de até US$ 50 bilhões desacelerarão a taxa do crescimento do PIB chinês em menos de 0,1 ponto percentual, disse Wang.

A China é ainda totalmente capaz de alcançar seu objetivo de crescimento anual para este ano, de ao redor de 6,5%, e manter a taxa de desemprego urbano pesquisado abaixo de 5,5%, enquanto cria mais de 11 milhões de empregos urbanos.

"As indústrias que serão afetadas pelas medidas tarifárias dos Estados Unidos não são intensivas em trabalho, o que significa que a queda em exportações nestes setores não causará demissões em grande escala", disse Wang.

Novos mercados do exterior serão desenvolvidos, assim como o potencial do mercado nacional, diminuindo ainda mais a influência negativa das medidas norte-americanas, previu.

Wang também acredita que o plano da China de impor tarifas adicionais sobre bens dos Estados Unidos, incluindo soja e porco, terá uma influência menor sobre a inflação.

A China importou 32,85 milhões de toneladas métricas de soja dos Estados Unidos, respondendo por mais de um terço das importações chinesas totais de soja. O aumento nas tarifas tornará as sojas dos Estados Unidos menos competitivas, possibilitando a substituição delas por produtos do Brasil e Argentina, segundo Chen Yang, pesquisador da Academia Chinesa de Ciências Agrícolas.

Se houver uma alta de 25% nos preços de sojas, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) será elevado em cerca de 0,25 ponto percentual. A meta de controle de IPC para este ano, de ao redor de 3%, ainda será atingida, segundo os analistas.

Para os Estados Unidos, porém, será difícil encontrar um comprador alternativo como a China.

Também, o ônus dos aumentos de tarifas contra os produtos chineses será assumido pela cadeia industrial inteira, exercendo pressão sobre exportadores, provedores de matéria-prima e varejistas, assim como os compradores dos Estados Unidos, em vez de só por empresas chinesas, segundo Wang.

O mercado financeiro da China permanecerá estável, dado que o crescimento econômico do país é estável, a eficiência comercial está melhorando e os preços ao consumidor se mantêm em uma faixa baixa, segundo Wang.

Ele sugeriu que a China continue a cuidar bem de seus próprios assuntos e evite ser enganada por outros.

A China não se renderá à pressão externa, reiterou no início deste mês o vice-ministro chinês das Finanças, Zhu Guangyao.

"Olhando a pressão externa de outro modo, ela é a força motriz para inovação e desenvolvimento", disse Zhu.

O superavit comercial da China com os Estados Unidos cresceu 13% no ano passado em termos anuais para 1,87 trilhão de yuans, mostraram os dados divulgados.

O desequilíbrio comercial entre os dois países é estrutural, pois a China exporta mais commodities para os Estados Unidos enquanto importa mais serviços, segundo o ministro chinês do Comércio, Zhong Shan.

A China expressou repetidamente seu compromisso de maior abertura e apoio à globalização econômica para facilitar o desenvolvimento tanto doméstico como mundial.

(Web editor: Renato Lu, editor)

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