BEIJING, 9 de abr (Diário do Povo Online) - A China adverte os EUA que poderão sair lesados ao brincarem com o fogo, dando início a uma guerra comercial com a China, pois o país está preparado para responder a quaisquer ameaças.
O governo norte-americano anunciou no dia 3 de abril uma lista proposta de 1.300 produtos sujeitos a uma tarifa sugerida de 25%, no valor de 50 bilhões de dólares. A China ripostou com um plano tarifário de igual dimensão, com uma lista de produtos dos EUA, incluindo produtos como grãos de soja, automóveis e aviões.
No dia 6 de abril, a China respondeu de forma mais contundente à proposta dos EUA de aplicar tarifas adicionais a uma lista de produtos chineses no valor de 100 bilhões de dólares.
Os preços da soja norte-americana caíram após a aplicação de medidas retaliatórias da China.
Embora os EUA sejam dos principais fornecedores da soja chinesa, este produto não é insubstituível. As estatísticas revelam que o Brasil é a maior fonte de soja da China.
A indústria aeronáutica dos Estados Unidos irá também sofrer com as contramedidas, o que pode causar, não somente o cancelamento de milhares de encomendas da China de aviões da Boeing, como também a transferência da cadeia global do fabrico de aeronaves para a Europa e Ásia.
As medidas retaliatórias atacaram também diretamente a indústria automobilística dos EUA. Os preços dos automóveis norte-americanos exportados para a China aumentarão em 20% depois da aplicação de tarifas.
Deste modo, a competitividade da indústria automobilística dos EUA cairá drasticamente. Como resultado, a China aumentará as encomendas de automóveis de países europeus e asiáticos. Mais importante ainda, a aplicação de tarifas às importações de automóveis norte-americanos estimulará o desenvolvimento da indústria automobilística doméstica.
A lista proposta de tarifas com base na investigação da Seção 301 envolve principalmente as indústrias de alta tecnologia da China, incluindo a indústria aeroespacial, indústria de tecnologias de informação e comunicação, e as indústrias robótica, farmacêutica e mecânica.
A investigação teve início sob o pretexto da proteção dos direitos de propriedade intelectual, porém, a verdade é que a China não adotou as tecnologias dos EUA nas suas indústrias aeroespacial, de informação ou comunicação.
Os EUA têm segundas intenções por detrás desta guerra comercial. O seu objetivo é conter a implementação da estratégia chinesa "Made in China 2025" e o desenvolvimento das indústrias de alta tecnologia do país.
Esta técnica está fadada ao insucesso, pois o desenvolvimento dos setores emergentes e das indústrias competitivas da China envolvidas na estratégia não poderão ser detidos por estratagemas desta natureza.
Os EUA insurgem-se agora contra a China, após a sua economia recuperar da crise financeira de 2008, quando o país asiático contribuiu em mais da metade para o crescimento econômico global.