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China e Brasil incrementarão parceria, diz diplomata chinês

Fonte: Xinhua    03.04.2018 11h04

Por Janaína Camara da Silveira

Beijing, 3 abr (Xinhuanet) -- Brasil e China deverão incrementar o nível de parceria nos próximos anos, na opinião do diplomata Song Yang, ministro da Embaixada da China no Brasil, cargo que equivale à segunda posição na missão diplomática em Brasília. Segundo ele, tal incremento reforçará o quanto os dois países são parceiros globais de grande importância. E da relação bilateral sino-brasileira o diplomata entende. Entre o posto que ocupa hoje e na atuação como cônsul-geral no Rio de Janeiro e em São Paulo são nove anos, no total.

Para Song, a reforma e abertura econômica chinesa, que completa 40 anos em 2018, avança mostrando o comprometimento em relação à globalização econômica e à promoção da circulação livre de mercadorias, bens e pessoas.

- A China é muito favorável à globalização econômica, e acreditamos que esta seja a única opção para países em desenvolvimento, ao contrário de conflitos comerciais. Queremos abrir totalmente o setor manufatureiro e ampliar o acesso ao setor de serviços, onde ainda temos desvantagens, incluindo o campo financeiro - afirmou o ministro, ao se referir à China. Ele lembrou também da I Feira Internacional de Importação, que ocorrerá em Shanghai de 5 a de 10 novembro. O diplomata destacou o fato de a China já ter promovido a redução de impostos, movimento que deverá se ampliar, beneficiando inclusive quem vendo ao país.

A experiência da abertura promovida pela China a partir dos anos 1970 já significou avanços tais quais o incremento na renda per capita chinesa, que passou de US$ 156 em 1978 para US$ 8,8 mil em 2017. A intenção do governo chinês é que este número chegue a US$ 10 mil em 2020.

A balança comercial sino-brasileira também viu um crescimento robusto nestas décadas, lembra o ministro. Passou de US$ 17 milhões quando as relações bilaterais foram retomadas, em 1974, para US$ 78 bilhões do ano passado. Nesta relação, o superávit brasileiro foi de mais de US$ 22 bilhões em 2017.

- Queremos ampliar o escopo da parceria, investindo, por exemplo, em banda larga e fibra ótica no Brasil. Uma auto-estrada digital é crucial para a revolução industrial 4.0 - indicou o ministro em entrevista exclusiva à XinhuaNet, ao se referir aos novos processos industrias que dependem cada vez mais de tecnologia e tráfego de dados.

- Não se trata de ameaçar a soberania econômica do Brasil, pelo contrário, estes esforços significam fortalecer a nossa participação e esforço para elevar toda a cadeia produtiva do Brasil. Queremos ajudar o país a ultrapassar os déficits em logística, infraestrutura e telecomunicações de uma forma pragmática, com financiamento, seguros e resseguros, tecnologias, produtos e gestão - afirmou o diplomata.

Song afirmou que a China aprende muito com o Brasil também, como em temas relativos à proteção ambiental. A poluição que assola o país asiático - e um dos desafios a ser vencido pelo governo - é resultado de um crescimento sem este cuidado. Segundo ele, a legislação brasileira é inspiradora.

O ministro lembra outras áreas de cooperação sino-brasileiras, cujas trocas se intensificam no âmbito cultural também. O Brasil já tem 10 Instituto Confúcio, para o ensino do mandarim e difusão da cultura chinesa. Em Niterói, no Rio de Janeiro, uma escola de ensino médio também traz a língua oriental no currículo.

A oferta de voos entre os dois países também cresce. A AirChina, que mantém rota diária via Madri, tem um Boeing 787-9 Dreamliner operando. A Capital Airlines lançou no final do ano passado um voo entre Beijing e Lisboa, de onde se pode voar ao Brasil.

Em termos globais, afirma Song, há coragem de abrir e ampliar o acesso ao mercado chinês a competidores estrangeiros, o que inclui simplificar processos para abertura de empresas. Para além do mercado interno, há um trabalho efetivo da China que visa incrementar a infraestrutura, especialmente logística, em países do exterior, por meio da Iniciativa do Cinturão e Rota:

- A China também quer conectar o mundo por meio da Iniciativa do Cinturão e Rota, um produto global, que nem se pode mais dizer que é apenas chinês. Até os Estados Unidos e o Japão já demonstraram interesse em participar. O Brasil, por exemplo, esteve representando em Beijing na cúpula sobre o tema, realizada no ano passado. Por meio do incremento da infraestrutura, todo o mundo pode se beneficiar.

No campo prático, o Brasil deverá estar mais próximo da Iniciativa do Cinturão e Rota graças ao novo Proto de São Luís, no Maranhão, cuja obra, a ser finalizada em até quatro anos, aproximará os produtos brasileiros de portos da Europa e da Ásia. O investimento principal é chinês, bem como a líder do projeto, a China Communications Construction Company (CCCC), que detém 51% do porto, ao lado das brasileiras WPR e Lyon Capital.

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