Rio de Janeiro, 27 mar (Xinhua) -- A construção de um novo porto em São Luís, capital do estado do Maranhão, no nordeste do Brasil, oferece às autoridades locais e empresas chinesas um bom motivo de comemoração.
Uma cerimônia realizada na semana passada lançou a pedra fundamental da construção do porto, que deve impulsionar o comércio entre o Brasil e a China. A celebração reuniu autoridades e representantes das empresas encarregadas do projeto: a China Communications Construction Corporation (CCCC) e os grupos brasileiros WPR e Lyon Capital.
Para estimular o agronegócio, o projeto deve injetar nova vida em São Luis, um dos mais movimentados centros industriais de transporte do Brasil.
Take Herun Group, uma empresa que armazena e transporta produtos agrícolas, é um exemplo. Operando no Brasil desde 2003, a Herun aderiu ao projeto em seus estágios iniciais. Quando o porto estiver concluído, a empresa comprará grãos diretamente dos produtores e enviará produtos para a China.
Segundo Yu Songbo, presidente do Grupo Herun, a empresa tem quatro navios de carga prontos, capazes de transportar até 180 mil toneladas de grãos, a capacidade máxima do porto de São Luís.
"Quando o Porto de São Luís for concluído, haverá uma nova ponte entre o Brasil e a China. Nossos navios de 180.000 toneladas reduzirão bastante o custo do transporte, o que levará a maiores lucros para os agricultores brasileiros e redução de custos para os consumidores chineses", disse Yu.
Embora a empresa ainda não tenha sede no Brasil, já comercializou cerca de três milhões de toneladas de soja por ano.
A China é o maior parceiro comercial do Brasil desde 2009. A soja é um dos principais produtos que o Brasil exporta para a China.
No ano passado, a China importou quase 51 milhões de toneladas de grãos, 33,3% a mais que em 2016. Esse número deverá ultrapassar 100 milhões de toneladas em 2018.
Outros países latino-americanos também são grandes produtores de grãos. O Brasil também poderia servir como ponto de embarque para eles.
"O Grupo Herun vem analisando questões logísticas e o agronegócio no Brasil há vários anos", disse Yu à Xinhua.
"Desde 2003, temos fortalecido o intercâmbio com agricultores locais e empresas agrícolas brasileiras e, no processo, descobrimos que as empresas brasileiras têm grande potencial de desenvolvimento, mas precisam de novos mercados. Por isso, esperamos amadurecer nossos contatos e garantir que haja um aumento nos lucros da maneira mais eficaz para todos ", disse Yu.
Fundado em 1979, o Grupo Herun atua nas indústrias de processamento de grãos e óleo, além de logística com foco em grãos, incluindo a gestão de grãos no porto e embarques para mercados estrangeiros. Em 2017, o grupo ficou em 113º lugar entre as 500 maiores empresas privadas da China.
A participação no projeto do Porto de São Luis com a CCCC marca a primeira vez que a Herun coopera com uma empresa estatal chinesa. Eles têm boas perspectivas depois que o porto estiver em operação.
"Hoje, no Brasil, compramos soja de traders tradicionais como ADM e Bunge. Mas estamos planejando para o futuro e buscando estabelecer uma empresa no Brasil. No processo, poderíamos também construir um parque industrial no país e comprar produtos agrícolas diretamente dos brasileiros ", disse Yu.
O projeto de US$ 241 milhões, representando o porto brasileiro mais importante perto do Canal do Panamá, quando concluído, prevê seis ancoradouros, dos quais quatro já estão na primeira fase.
O porto deverá estar operacional em quatro anos, com capacidade anual de 10 milhões de toneladas, dos quais sete milhões em grãos.
O governador do Maranhão, Flávio Dino, disse que o estado tem grande potencial na agricultura, além da soja, milho e algodão.
Atualmente, a maioria dos produtos agrícolas brasileiros é transportada por rodovia para portos nas regiões sudeste e sul do país. Eles passarão a ser carregados em navios que viajarão ao longo das costas leste e norte da América do Sul até chegarem ao Canal do Panamá. A viagem geralmente leva mais de 10 dias.
Vários gigantes da indústria chinesa já estão operando no Brasil, como a estatal chinesa COFCO International, que trata de negociações e processamento agrícola.
Grandes empresas privadas chinesas também estão de olho no Brasil. O Dakang Agriculture Group é um deles. Em 2016, adquiriu um negócio agrícola local no estado de Mato Grosso, no centro-oste, por mais de 200 milhões de dólares norte-americanos.
A construção do porto brasileiro é o primeiro passo para fortalecer a infraestrutura na América Latina e promover o comércio entre as duas regiões, segundo o Grupo Herun.
"A América Latina tem ricos recursos costeiros, excelentes condições de água e menos desastres naturais, o que é propício ao desenvolvimento de produtos de petróleo e indústrias de logística", disse Yu.
"É uma excelente escolha para o desenvolvimento da indústria de processamento e logística de petróleo e grãos do Grupo Herun. O Brasil e seus países vizinhos, Argentina e Uruguai, são tão importantes quanto o Chile e o Peru, entre outros", disse Yu.
