Brasília, 10 mar (Xinhua) -- A Polícia Federal lançou na sexta-feira a operação Buona Fortuna, a 49ª fase da Lava Jato, que investiga a suspeita de que o ex-ministro Antônio Delfim Netto tenha recebido propinas mediante contratos fictícios de consultoria para a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no estado do Pará (norte).
O ex-ministro da Fazenda da ditadura militar e seu sobrinho, o empresário Luiz Appolonio Neto, foram alvos de mandados de busca e apreensão.
Em uma nota, o Ministério Público Federal (MPF) informou que Delfim Netto é suspeito de receber parte das vantagens indevidas que seriam destinadas ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e o Partido dos Trabalhadores (PT) devido à atuação na estruturação do consórcio Norte Energia.
"As provas indicam que o ex-ministro recebeu 10% das propinas pagas pelas construtoras e que foi dividido entre MDB e PT no nível de 45% para cada partido", afirmou o MPF.
Segundo os investigadores, foram rastreados pagamentos em valores superiores a 4 milhões de reais (US$ 1,25 milhão) de um total estimado em 15 milhões de reais (US$ 4,654 milhões) em favor de pessoas jurídicas relacionadas com Delfim Netto, através de contratos fictícios de consultoria.
Os pagamentos foram efetuados pelas empresas Camargo Corrêa, Andrade Gutiérrez, Odebrecht, OAS e J. Malucelli, todas integrantes do Consórcio Construtor de Belo Monte.
"As constatações demonstraram que o ex-ministro realmente não prestou nenhum serviço às empresas que efetuaram os pagamentos", assinala a investigação.
Delfim Netto, de 89 anos, foi ministro da Fazenda do regime militar no início da década de 1970 e ficou conhecido como o ministro do "milagre econômico" brasileiro.