Opinião: Espetro da “Doutrina Monroe” não poderá salvar os EUA

Fonte: Diário do Povo Online    06.02.2018 16h14

Por Xu Yicong

O secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson, atualmente em visita pela América Latina, alegou que a China é uma “nova potência imperialista” e um “predador” da região, alertando para que os países latino-americanos “não dependam demasiado das relações comerciais com os chineses”.

De fato, os EUA situam-se no mesmo continente dos países latino-americanos, tendo motivos óbvios para firmar avanços e a prosperar em comunhão com estes. Porém, Washington nunca considerou os países-membros da América Latina como parceiros de igualdade, mas como alvos passíveis de ser expropriados e controlados por meio da “Doutrina Monroe”, isolando-os perante a aproximação de países terceiros.

A ambição e as medidas americanas vêm enfrentando oposição e boicotes pelos países da região, que cada vez mais denunciam a suprarreferida doutrina.

Nos últimos anos, os EUA têm sido discretos no seu relacionamento com a AL, alegando o “respeito pela soberania dos países da região”, frisando inclusive o intuito de oferecer um tratamento igualitário aos países latino-americanos.

Esta nova concepção poderá teoricamente aprimorar as relações entre os EUA e a AL. No entanto, o governo de Trump tem vindo a depreciar e caluniar alguns países latino-americanos, relegando para a sombra as relações entre ambos os blocos. O discurso de Tillerson vem, portanto, enfatizar uma ambição americana de “imperar” sobre a América Latina.

Com a mudança de era e do modo de conhecer o mundo, o espetro da Doutrina Monroe dificilmente poderá salvar os Estados Unidos. Rex Tillerson deveria saber que o ato de comprometer as relações entre a China e a AL não será a chave para resolver os problemas entre os EUA e a AL.

Como é do conhecimento geral, a AL desenvolve relações com a China com base em interesses comuns e necessidades mútuas, pautando-se pelos princípios da igualdade, benefício mútuo, abertura e tolerância. Este enquadramento não visa lesar qualquer outro país. Independentemente de quem analise tal cooperação, garantido que o faça sem qualquer impedimento, com certeza irá valorizar e elogiar os laços China-AL.

Com efeito, os países latino-americanos têm analisado positivamente a cooperação com a China, repreendendo os discursos de Tillerson, fato de que indica que a AL está consciente da importância da cooperação com o país asiático.

As palavras de Tillerson expõem perante o mundo quem poderá ser considerado um amigo real ou um falso amigo dos países latino-americanos.

Obviamente, toda a comunidade internacional, incluindo a China, irá apoiar os EUA, se as relações por si promovidas com os países latino-americanos tiverem por base o respeito, igualdade e a recolha de benefícios mútuos. 

(O autor é o ex-embaixador da China em Cuba) 

(Web editor: Renato Lu, editor)

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