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China e São Tomé e Príncipe ampliam parcerias estratégicas com retomada de laços diplomáticos

Fonte: Xinhua    20.12.2017 09h59

Por Janaína Camara da Silveira

Beijing, 20 dez (Xinhuanet) -- China e São Tomé e Príncipe retomaram os laços diplomáticos em dezembro de 2016, depois de um intervalo de 19 anos, período em que o país africano - o segundo menor do continente, no Golfo de Guiné - havia mantido laços com Taiwan.

De lá para cá, as trocas e acordos entre as duas nações só aumentaram. Entre os países lusófonos, tratava-se do único sem embaixada da China até então, situação que foi revertida em abril deste ano, quando assumiu o embaixador Wang Wei. O diplomata chinês chegou ao país africano depois de servir como ministro na Embaixada da China em Brasília, a capital brasileira. Wang é falante fluente de português, língua oficial do país-arquipélago, onde quase 98,5% o utiliza. Os demais adotam variantes do português e dialetos locais.

São Tome e Príncipe é um país com duas ilhas principais, que compõem o nome da República. A maior e mais populosa é a Ilha de São Tomé, com pouco menos de 190 mil habitantes. A Ilha de Príncipe tem por volta de 7 mil pessoas. Além delas, há outras ilhotas.

O lugar foi colonizado por portugueses a partir de 1470. Foram os navegadores europeus que trouxeram africanos para a região, que durante décadas funcionou como um entreposto escravagista e, com o tempo, se transformou em um produtor agrícola, especialmente de cacau, açúcar e café. A independência das ilhas só viria em 12 de julho de 1975. Um dia depois, a China já reconhecia o novo estatuto do país.

Com uma população total que não chega a 200 mil moradores, a economia local é baseada especialmente em agricultura e há um esforço das autoridades para ampliarem os ganhos com o turismo. Não por acaso, a China quer garantir o investimento em infraestrutura local, especialmente na modernização do aeroporto de São Tomé. Pensando no escoamento de produtos, o país asiático ainda investirá na construção de um porto de águas profundas. Hoje, produtos das ilhas africanas exportados para a China já têm isenção de impostos.

Segundo o primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe, Patrice Trovoada, as trocas comerciais com a China atingiram US$ 57 milhões em 2016. Em abril deste ano, quando visitou a China, onde foi recebido pelo presidente, Xi Jinping, e também pelo premiê, Li Keqiang, Trovoada voltou para casa com um programa geral de cooperação nas áreas econômica, científica e cultural, além de vários acordos em setores como energia, pesca, agricultura, turismo, saúde - em especial no tratamento da malária, doença que São Tomé e Príncipe espera erradicar até 2025 - e assistência técnica.

O reatamento dos laços diplomáticos também significou a integração de São Tomé e Príncipe a mecanismos internacionais de cooperação com a China, tais quais o Fórum de Cooperação China – África e o Fórum para Cooperação Económica e Comercial entre a China e os países de língua portuguesa, conhecido como o Fórum de Macau.

Apesar de estar aberta à China, a nação africana ainda não tem voos diretos para o país asiático. Mas os vistos já foram flexibilizados, especialmente para quem porta passaporte diplomático ou de serviço. Independentemente do tipo de documento, qualquer cidadão chinês pode obter o visto ao chegar ao país africano. Sinal de que o antigo entreposto quer hoje ser cada vez mais um destino escolhido para ficar, ainda que por alguns dias, num destino onde a vida é menos agitada e, para completar, os cenários são espetaculares, especialmente à beira-mar.

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