Português>>Atualidade

As alterações climáticas “já não são um tema do futuro”, refere presidente da Câmara de Lisboa

Fonte: Diário do Povo Online    06.12.2017 14h57

Por Andreia Carvalho e Rita Zhang

De visita a Beijing, Fernando Medina, presidente da Câmara de Lisboa, reuniu-se com os jornalistas na Embaixada de Portugal, antes da sua partida para Hangzhou, onde participará na reunião do Bureau Executivo da CGLU (Cidades e Governos Locais Unidos).

Aos jornalistas, Medina revelou que a visita à China tem dois propósitos, sendo eles o aprofundamento da relação bilateral com Beijing e a participação na reunião da Rede Mundial de Cidades da CGLU

Ele denotou que as relações entre Portugal e China são fortes e que a sua importância tem aumentado ao longo dos anos, quer através de momentos políticos importantes — como a visita do antigo Presidente Cavaco Silva, e o atual primeiro-ministro António Costa —, quer com o dinamismo do investimento estrangeiro da China em Portugal e o esforço das empresas portuguesas em reforçar a sua presença no mercado chinês.

“Há um sentimento partilhado de que estamos a abrir um novo momento de novas oportunidades, na medida em que a China tem afirmado com muita clareza uma política de abertura”, asseverou.

Após reunir com o presidente e vereadores da câmara de Beijing, no dia 4, Medina afirmou que foi possível “assinalar muitas convergências importantes do ponto de vista político”, assinalando também que 2017 marca o 10º aniversário do Acordo de Amizade entre Lisboa e Beijing.

“Tal como Lisboa, Beijing está empenhada no combate às alterações climáticas e na melhoria das condições de vida, visando o desenvolvimento urbano sustentável. Claro que as diferenças são muitas, começando pela escala entre Beijing e Lisboa, mas do ponto de vista do próprio tipo de soluções, elas acabam por ser semelhantes”, disse.

Medina revelou também que, durante a reunião com os líderes de Beijing, houve espaço para serem discutidas as relações de âmbito cultural. Em 2019, relembrou, “celebram-se os 40 anos das relações diplomáticas entre Portugal e China assim como os 20 anos da passagem de Macau”, acrescentando a vontade de Lisboa e do país em “fazer desse um ano particular a nível do estreitamento e da visibilidade das relações sino-lusófonas”.

Com a ajuda do voo direto entre Beijing e Lisboa, um maior investimento está também a ser direcionado para o turismo, revelando a “consciência das várias oportunidades” que o voo acarreta. “Por isso estamos a trabalhar no turismo de Lisboa com intensidade pois, no fundo, é um elemento importante no estreitamento das relações”.

Salientando o sucesso do investimento no compromisso às alterações climáticas em Beijing, Medina destacou que o que está a ser feito na capital chinesa “é importante para toda a humanidade. As alterações climáticas não são um problema que se joga num país ou numa cidade, e ninguém o vence sozinho. A atmosfera não conhece fronteiras”.

Referindo o tratado de Quioto, celebrado há 15 anos atrás, no qual se discutiu a posição dos países face ao seu compromisso do ponto de vista ambiental, este é agora desafiado pela China, que “quer assumir uma posição de liderança e não tem dúvidas do caminho a seguir”.

O tema das alterações climáticas será amplamente discutido na reunião do Bureau Executivo da CGLU.

“O tema das alterações climáticas sempre foi tratado como um tema do futuro, algo que temos que prevenir. A verdade é que é um tema do presente. As alterações climáticas já estão a ter efeito nas cidades e nos países”, e nesse sentido “temos muito a aprender uns com os outros. As políticas são muito partilhadas. A grande diferença é o ponto de partida, a dimensão e depois a forma e os instrumentos concretos utilizados”.

Medina destacou ainda áreas como tratamento e reutilização de água, mobilidade elétrica e meios suaves, eficiência energética dos edifícios, redução do impacto da circulação automóvel das emissões de carbono, os objetivos de neutralidade das emissões e inovação, que merecem ser discutidas entre os líderes.

Referindo ainda a Iniciativa do Cinturão e Rota, o presidente reiterou que é “inequívoco o interesse de Portugal em participar na iniciativa e no seu objetivo geral”.

O compromisso de investimentos estratégicos da nova rota da seda é “emblemático da atitude de abertura da China, de querer apostar em criar as condições de infraestrutura para um mundo mais interligado mais global, participado, integrado a nível cultural e do ponto de vista da partilha”, afirmou.

Medina segue de Beijing para Hangzhou para participar na reunião, a ter início na quinta-feira, durante a qual será também discutido o “aprofundamento do estreitamento da relação com a ONU, assim como o reconhecimento da CGLU como órgão de participação e consulta nas matérias de natureza urbana”, informou. 

0 comentários

  • Usuário:
  • Comentar: